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Brasil cresce da porteira para dentro

Paulo César de Oliveira
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O mundo terá que aumentar substancialmente sua produção de alimentos para atender o crescimento da população. Até 2050 serão aproximadamente mais dois bilhões de habitantes. Segundo a FAO- Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, o Brasil terá que aumentar em 40% sua produção agrícola para participar do esforço visando suprir a demanda de alimentos no mundo. Para Roberto Simões, presidente da Federação da Agricultura de Minas Gerais-FAEMG, esta é uma meta praticamente inatingível, não por causa dos produtores rurais, mas pela falta de infraestrutura em diversas áreas, especialmente de transporte, o que inviabiliza o aumento do ritmo da produção. “O Brasil vem apresentando crescimento de sua produção e temos números notáveis. Crescer 40% já seria difícil, ainda mais sem infraestrutura de apoio. O Brasil cresceu muito da porteira para dentro. Dá porteira para fora, continuamos com os velhos problemas”.

 

Burocracia do Estado

Roberto Simões (foto), que ontem, em entrevista, apresentou o balanço de 2019 do agronegócio em Minas Gerais, disse que entre os velhos entraves enfrentados pelo produtor rural, além da falta de infraestrutura que assegure o escoamento da produção, está a burocracia do Estado, especialmente nas questões ambientais, que pune quem quer investir e impede a atração de investimentos. Ele revelou que a Faemg já apresentou a primeira parte de uma pauta de trabalho ao governador Zema, e afirmou ter boas expectativas com o andamento de medidas capazes de simplificar os processos de licenciamento ambiental e reduzir as regulamentações na área. “Tem muita gente editando normas. o que acaba criando dificuldades para quem deseja produzir. A gente fica sem saber o que pode e o que não pode”. Simões queixou-se também da atuação da Cemig que, na sua visão já não oferece aos consumidores a “melhor energia do Brasil”. Ele revelou que antes os produtores rurais sentiam piques de falta de energia de alguns minutos. Passaram a ser piques de apagão de horas e agora já são de dias. “Isto causa sérios problemas em alguns segmentos da atividade agrícola. Por isso eu defendo a privatização da empresa”.

 

Terminando no azul

Um ano muito bom, é o que os produtores esperam de 2020. Para o agronegócio, 2019, apesar do país não apresentar a recuperação da economia no ritmo esperado foi bastante positivo, terminando “no azul”. A expectativa é de que o próximo ano seja ainda melhor. Roberto Simões atribui à valorização registrada na agropecuária, em razão da estiagem prolongada e o incremento das importações chinesas, além de uma leve melhora no consumo interno de carne, o fato do Valor Bruto da Produção terminar o ano no positivo. Para o ano que vem os produtores esperam uma pequena redução no preço da carne sem, no entanto, riscos de retorno do mercado a uma situação de preços muito baixos. A expectativa é que o mercado de carne tenha um comportamento estável, sem grandes altas ou quedas. Simões revelou que a mudança no mercado de carnes bovina e suína já provoca movimentação no mercado de aves, com sinalizações de interesse de um grupo chinês de investir na produção de frango em Minas.

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