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Brasil perde 100 mil empregos em um mês

Paulo César de Oliveira
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O país voltou a perder vagas de empregos formais em maio. No mês passado, foram fechados 115.599 postos de trabalho, segundo dados divulgados nessa sexta-feira (19) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). É o pior resultado para meses de maio desde o início da série histórica do indicador, em 1992. Também é a primeira vez que há corte de vagas em um quinto mês do ano. Considerando todos os meses, o resultado é o pior desde dezembro, quando foram cortados 555 mil postos de trabalho. “Ainda não é um mês bom, mas toda essa redução do discurso de que parece que o emprego acabou representa 0,9% do estoque que nós temos, não é um desastre”, afirmou o ministro do Trabalho, Manoel Dias (foto). “Historicamente, o primeiro semestre nunca é o melhor período para a geração de empregos. A economia se avoluma geralmente no segundo semestre”, afirmou. “Embora tenhamos esse mês voltado para a redução na geração de emprego, creio que certamente vamos repor o estoque a partir do segundo semestre. Sou otimista e a gente tem que ser otimista. “Os dados foram apresentados em Mato Grosso do Sul por Dias, que justificou a escolha informando que o estado foi o que mais gerou emprego no mês. “Tem setores da economia que estão bem e outros com maior dificuldade. Mas até o final do ano nós vamos retomar os investimentos todos que são necessários para a geração de emprego”, afirmou Dias

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A velha desculpa de que lá fora está pior

O ministro minimizou a perda de empregos comparando a situação do Brasil com a do exterior. “Um país que dobra seu mercado de trabalho, que dobra mercado de emprego e que aumenta em 73% o salário mínimo e aumenta em 34% a renda de todas as pessoas enquanto que o mundo está em crise. Você vai a Europa, estive lá agora na OIT, a Espanha tem 42% de desempregados, jovens são 58% na França e Portugal. Nós passamos ao largo da crise e conseguimos chegar até aqui. Precisamos agora ajustar, de vez em quando tem que dar uma parada para ajustar.” De acordo com o ministro, a atual crise é mais política que econômica, mas acaba afetando os dois aspectos: “Toda crise é política que afeta a economia. Porque se deixar impressionar pelo discurso de certos setores, se você vai comprar um automóvel vai postergar, vai deixar para comprar depois. Ia comprar um apartamento você deixa para depois e sucessivamente”.

 

Acumulado do ano já foram mais de 200 mil

No acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, ainda segundo dados oficiais, foram fechados 243.948 postos com carteira assinada. Este foi o pior resultado para este período da série histórica disponibilizada pelo Ministério do Trabalho, que começa, para o período acumulado do ano, em 2002. Também foi a primeira vez, para os cinco primeiros meses de um ano, desde 2002, que o saldo ficou negativo. Os saldos de janeiro a abril foram contabilizados após o ajuste para empregos declarados fora do prazo, e o mês de maio ainda está sem ajuste. Em 12 meses, o país já acumula a perda de 452.835 postos de trabalho.

 

Setores que mais desempregaram

A indústria foi responsável pelo maior corte de vagas no mês: foram 60.989 postos perdidos no período. “Os ramos que apresentaram as maiores quedas foram: Indústria de Produtos Alimentícios (-8.604 postos), Indústria Mecânica (-8.373 postos), Indústria Metalúrgica (-7.861 postos) e Indústria de Material de Transporte (- 7.715 postos)”, informou o governo. A construção civil cortou 29.795 vagas, enquanto os serviços perderam 32.602. No comércio, foram 19.351 vagas a menos. A agricultura foi o único setor a contratar no mês, ganhando 28.362 vagas. “A elevação do emprego na agricultura (+28.362 postos de trabalho), decorrente, em parte, da presença de fatores sazonais, foi proveniente principalmente do desempenho positivo das atividades ligadas ao cultivo de café (+16.820 postos), às atividades de apoio à agricultura (+4.478 postos), às de cultivo de laranja (+4.026 postos) e às de cultivo da cana-de-açúcar (+4.000 postos)”, acrescentou o Ministério do Trabalho. No acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, a indústria registrou a demissão de 98.053 trabalhadores formais, enquanto que a construção civil teve 108.573 desligamentos e o comércio registrou a perda de 159.315 empregos. Os serviços, por sua vez, contrataram 78.061, a administração pública teve 14.483 admissões e a agricultura registrou 35.589 aberturas de vagas.

 

Regiões onde a situação está pior

No recorte por regiões, houve fechamento de vagas em todas elas em maio. No mês passado, o sudeste registrou o pior resultado, com 46.267 vagas a menos. No nordeste, foram cortados 34.803 postos, enquanto sul e norte perderam, respectivamente, 23.893 e 7.948 vagas. Já na região centro-oeste, foram demitidos 2.688 trabalhadores com carteira assinada, segundo o Ministério do Trabalho. Contudo, o saldo positivo de geração de empregos em estados pequenos como o Acre é visto como positivo pelo ministro. “Se vocês analisarem o Caged, já a partir de junho de 2014, a implantação de plantas industrias se deu mais nas cidades médias e pequenas, não mais nas regiões metropolitanas, então é uma tendência, que é boa, eu creio, porque estamos espalhando pelo Brasil oportunidades de trabalho para áreas onde até então não tinha”, disse. O ministro Dias reconheceu ainda que a indústria brasileira vem sofrendo processo de crise. “Claro que o governo está preocupado e estamos instalando na próxima semana um grupo interministerial que vai cuidar, dentre outras questões, da modernização das ações dos ministérios, no que diz respeito à importação de máquinas e equipamentos, na regulação e discussão da NR12, que são reclamações que a indústria faz”.

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