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Copom vê a economia pior do que se imaginava

Paulo César de Oliveira
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), presidido por Alexandre Tombini (foto), considerou que o desempenho da atividade econômica, este ano, está em ritmo inferior ao previsto. Esse processo está sendo especialmente intensificado pelas incertezas oriundas de eventos não econômicos (como os casos de corrupção investigados na operação Lava Jato), acrescenta o comitê, na ata da última reunião do colegiado, divulgada nessa quinta-feira. No último dia 20, o Copom anunciou a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano, por seis votos a dois. Quando há elevação da taxa Selic, a demanda por produtos e serviços é afetada, porque os juros mais altos encarem o crédito e estimulam as pessoas a economizar em vez de gastar. Quando há redução da Selic, o efeito é o contrário: incentiva produção e consumo, mas alivia o controle da inflação. Nas suas decisões, o BC tem de decidir se no momento a prioridade é controlar a inflação ou estimular a economia. Além de afetar a demanda, a elevação da taxa influencia também as expectativas com relação à inflação. Em particular, o investimento tem sofrido retração, “influenciado, principalmente, pela ocorrência desses eventos e o consumo privado também se contrai, em linha com os dados de crédito, emprego e renda”, justificou o Copom. Entretanto, diz o comitê, depois de um período necessário de ajustes, “que tem se mostrado mais intenso e mais longo que o antecipado, à medida que a confiança de firmas e famílias se fortaleça, o ritmo de atividade tende a se intensificar”.

 

Serviço é o que vai crescer mais devagar

No médio prazo, o comitê avalia que o consumo tende a crescer em ritmo moderado e os investimentos tendem a ganhar impulso. “Pelo lado da oferta, o Comitê avalia que, em prazos mais longos, emergem perspectivas mais favoráveis à competitividade da indústria e da agropecuária. O setor de serviços, por sua vez, tende a crescer a taxas menores do que as registradas em anos recentes”, acrescenta. Em relação à demanda externa, a depreciação do real (alta do dólar) vai ajudar no crescimento da economia brasileira. Mas para que essas mudanças se concretizem é fundamental que haja uma trajetória de geração de superávit primário, economia para o pagamento de juros da dívida pública. O Copom diz que a melhora nas condições fiscais do governo vai fortalecer a percepção de sustentabilidade do balanço do setor público. O comitê diz ainda que é preciso haver redução de incertezas que cercam o ambiente doméstico e internacional.

 

Preços administrados subirão mais do que previsto

O Copom projeta que os preços administrados por contrato e monitorados devem ter variação de 6,3% em 2016, ante 5,9% considerados na reunião do Copom de novembro. Entre outros fatores, essa projeção considera o reajuste médio nas tarifas de ônibus urbano de 8,9% e a variação de 3,7% nos preços da energia elétrica. Para 2017, a projeção para o conjunto dos preços administrados por contrato e monitorados, é 5%.

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