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Da Fiemg para a política

Paulo César de Oliveira
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Flavio Roscoe

O presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe (foto/Tião Mourão) , termina o seu mandato no ano que vem e já pensa em seu futuro, que pode ser na política, para alegria dos empresários mineiros, que o estimulam a trilhar por esse caminho. “Hoje não descarto”, respondeu após ser provocado pelo presidente da Fecomércio MG, Nadim Donato, durante o Conexão Empresarial desta terça-feira, evento promovido pela VB Comunicação e jornal O Tempo, no Espaço Meet. Mas para o líder empresarial, diante da realidade brasileira, é preciso desconstruir a narrativa do “almoço grátis”. Para ele, vivemos um problema de comunicação e é preciso que o setor empresarial consiga construir uma narrativa melhor e mais eficiente.

De volta de uma missão pela Austrália e China, Roscoe se mostrou cheio de indagações e de surpresas, como o avanço da discussão da diminuição da jornada de trabalho, no projeto que ficou conhecido como 6×1. Para ele, muitos parlamentares fazem propostas apenas para garantir um próximo mandato, sem medir as consequências dos reflexos que elas terão na sociedade. Essa proposta é uma delas, já que o país enfrenta problemas com a formação-de-mão de obra, além de aumentar significativamente o custo não só das empresas, como do governo, das escolas e de todos os setores, podendo levar a uma grave crise no setor produtivo.

Além disso, ele entende que é preciso pensar no retorno do beneficiado pelo Bolsa Família voltar ao mercado de trabalho. Muitos optam por receber o benefício e continuar na informalidade, porque se sair do programa, não poderá retornar. Para ele, é preciso rever essa regra para que essa mão-de-obra seja aproveita. Roscoe observa que muitas vezes esse beneficiário do Bolsa Família trabalha no mercado informal pelo menos três vezes na semana, ganhando mais do que quem está no mercado formal, o que se torna um estímulo para aumentar o número de pessoas assistidas pelo governo e menos trabalhadores nas fábricas.

Segundo Roscoe, que também é um crítico das altas taxas de juros praticadas no país, “a economia brasileira vem crescendo acima do esperado porque o governo está gastando mais. O crescimento é bom e desejado, mas, às vezes, tem outras consequências. As famílias aumentam o consumo devido à transferência de renda, à ampliação em escopo e valor do Bolsa Família”, não é um aumento real.

Flávio Roscoe, que citou a sua experiência na Austrália, na missão oficial do governo de Minas. Os australianos têm um minério que não é tão bom como o produzido em Minas Gerais e no Pará e, no entanto, tem o dobro da produção. A população tem uma qualidade de vida muito melhor do que a dessas regiões. Isso acontece, segundo ele, porque não entendemos o papel da mineração.

Já a China, segundo ele, está em outro patamar e do jeito que as coisas estão caminhando “daqui a 60 anos, ou menos, nos tornaremos colônia da China”. Ele lembra que a economia mineira é amparada pela economia chinesa, que é o maior parceiro comercial de Minas e do Brasil. Fazendo um paralelo da China e aqui, Roscoe argumenta que lá eles construíram em cinco anos um modelo de carro elétrico, aqui, o governo não consegue fazer um Anel Rodoviário. Para Roscoe, a eleição de Donald Trump e as medidas protecionistas que ele ameaça fazer para conter o avanço da China, devem ser seguidas por outros países, já que ninguém está preparado para a China, porque “quando os chineses querem tomar um mercado, eles tomam”.

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