A cotação do dólar atualmente supera, em termos reais, os picos registrados durante a crise de 2015 e 2016, embora ainda esteja abaixo do recorde histórico ajustado pela inflação. Em setembro de 2015, a moeda americana chegou a R$ 4,1450 em valores nominais, o que equivale a R$ 5,08 hoje. Já o pico de janeiro de 2016, de R$ 4,1660, corresponderia a R$ 4,92. Com o dólar cotado a R$ 6,19, a distância para os valores corrigidos evidencia o impacto do cenário atual.
Embora a alta do dólar em 2024, de 25%, seja menor que a valorização de 62% observada entre 2015 e 2016, o cenário atual combina fatores domésticos e externos adversos. Internamente, a piora na relação dívida/PIB, que subiu de 69,8% em 2016 para 77,8% em 2024, reflete o descompasso entre crescimento econômico (3,49% previstos para 2024) e o aumento do endividamento.
Externamente, o dólar alcança seu segundo maior valor global desde os anos 1980, pressionado por juros elevados nos EUA e um cenário internacional mais desafiador. Especialistas apontam que o câmbio reflete a deterioração fiscal e a força global do dólar. Apesar disso, analistas consideram o nível atual descolado dos fundamentos econômicos. Para superar o recorde histórico do Plano Real, de R$ 8,48 corrigidos pela inflação, o dólar precisaria subir 37% – uma marca que expõe os desafios econômicos do Brasil frente ao cenário mundial.
