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Falta de demanda derruba preço dos fretes rodoviários

Paulo César de Oliveira
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A falta de fiscalização nas rodovias pode afetar ainda mais a crise no setor de transporte de cargas, que já sofre com o preço do frete abaixo do custo operacional, mostra estudo inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo o estudo “Transporte Rodoviário de Carga (TRC): características estruturais e a crise atual” o aumento no número de transportadores, tanto de autônomos quanto de empresas, levou ao acirramento da concorrência, resultando em grande ociosidade na frota de caminhões e a consequente diminuição do preço do frete. Atualmente, o setor tem 188 mil empresas de transporte de carga, cuja frota atinge 1,3 milhão de veículos. Elas dividem o mercado com 919 mil transportadores autônomos de carga (TACs), com uma frota de 1,1 milhão de veículos, e 400 cooperativas de transporte rodoviário de cargas (CTC), com frota de 18,8 mil veículos.

 

Ainda são milhares os veículos parados

Apesar de os dados mais recentes indicarem redução no número de veículos parados nos últimos três semestres, diminuindo de 65,4%, no primeiro semestre de 2016, para 52,8% ao final do ano passado e 38,7% no primeiro semestre de 2017, o percentual ainda é alto. De acordo com o especialista em políticas e indústria da CNI, Matheus de Castro (foto), no caso do transporte de cargas, setor normalmente competitivo, a redução do preço do frete funciona como instrumento de concorrência entre as empresas, mas não tem o efeito de gerar um aumento significativo da demanda do mercado. Segundo Castro, em um cenário normal, as flutuações de preço tendem a restabelecer o equilíbrio entre oferta e demanda nesse mercado, mas o desequilíbrio foi acentuado pela crise econômica que gerou uma diminuição no volume de carga transportada. “A gente observou que nos últimos anos houve uma queda muito acentuada da demanda por serviços de transporte, em decorrência da crise econômica, enquanto ocorreu uma expansão acelerada do lado da oferta, da disponibilidade de serviços de transporte, gerando uma situação em que mesmo com a queda da demanda, o mercado não se autoajustava”, disse Castro. Pesquisa feita pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística), em parceria com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), mostra que, entre o fim do ano passado e o primeiro semestre deste ano, cresceu de 72% para 79% o número de empresas que receberam pagamento pelo frete abaixo do custo. Já as que não aumentaram ou deram desconto no frete passaram de 90% para 91%.

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