Antes mesmo de computar os impactos da paralisação dos caminhoneiros, o faturamento da indústria mineira já vinha demonstrando perda de fôlego. Em abril houve um recuo de 2,7% em relação a março. A massa salarial real e o rendimento médio real também recuaram, segundo a Pesquisa de Indicadores Industriais divulgada ontem, pela Fiemg. Os resultados sinalizam que a indústria mineira enfrenta dificuldades para a retomada do crescimento. Um dos problemas está na decisão de algumas empresas em operar em outros estados, como é o caso da Vale, que tem priorizado o minério do estado do Pará, considerado como de melhor qualidade.
Arrecadação cai e custo da produção aumenta
O saldo do movimento dos caminhoneiros também deve pesar mais para Minas Gerais do que para o resto do país. Se as perdas no país vão significar um recuo de 0,5% no PIB, em Minas esse índice deve chegar a 0,6%. Pelos cálculos da Fiemg, na primeira semana de bloqueio das estradas pelos caminhoneiros, o Estado deixou de arrecadar R$ 302 milhões e até o dia 31 foram R$ 530 milhões a menos nos cofres do Estado. Os estragos causados pelo bloqueio nas estradas também afetaram fortemente as empresas, que ainda foram são impactadas com o reajuste de 35% na energia elétrica, alta do dólar e com as medidas anunciadas pelo governo federal para atender as demandas dos caminhoneiros. Se não tiver condições de repassar o custo dessa conta para manter a competitividade, muitas empresas podem optar pela demissão. O pior dessa situação, segundo o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe (foto), é que corre-se o risco de ocorrer um ciclo de chantagens econômicas. O setor de transportes foi apenas um deles.