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Gastos obrigatórios alimentam recessão

Paulo César de Oliveira
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A agência de classificação de risco Moody’s chamou, ontem, a atenção para a “severa contração” econômica do Brasil, afirmando que a nota de crédito do país está sendo pressionada pelos altos níveis de gastos obrigatórios do governo. “A dinâmica de crescimento vai permanecer fraca nos próximos anos, aumentando a pressão sobre a política fiscal”, disse a vice-presidente e analista sênior da Moody, Samar Maziad (foto). “Além disso, esperamos que as taxas de juros permaneçam elevadas em termos reais, tornando dívida menos barata”, completou. O relatório divulgado nessa sexta-feira pela agência, chega após o governo federal ter anunciado que quer aval do Congresso Nacional para poder fechar o ano com déficit primário de até R$ 96,65 bilhões, de olho na contínua queda na arrecadação e em meio a apelos políticos para dar menos foco ao ajuste fiscal e mais à recuperação da economia. “A classificação de crédito do país também está sob pressão dos altos níveis de gastos obrigatórios do governo”, disse a Moody’s.

 

Retração após anos de baixo crescimento

No fim de fevereiro, a agência retirou o selo de bom pagador internacional do Brasil ao rebaixar o rating do país em dois degraus, indicando que novos cortes poderiam vir ao mudar a perspectiva da nota para negativa, citando o ambiente econômico e político desfavorável do país. Com a investida, a nota de crédito do país foi a “Ba2”, ante “Baa3”. A agência foi a última das grandes a rebaixar o grau de investimento do país, após Standard & Poor’s e Fitch terem tomado uma decisão nesse sentido já no ano passado. De lá para cá, as expectativas do mercado para o desempenho da economia pioraram, enquanto a crise política ganhou contornos críticos com o andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso. “A contração severa, que foi precedida por vários anos de crescimento abaixo da tendência, tem prejudicado a força econômica subjacente do Brasil, apesar economia grande e diversificada do país”, disse a Moody’s. De acordo com o mais recente boletim Focus divulgado pelo Banco Central, a expectativa para este ano é de uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,60%, após um tombo de 3,80% em 2015. Com isso, a economia brasileira caminha para a pior recessão em dois anos desde que os registros começaram, em 1901. No relatório, a Moody’s afirmou ainda que a decisão da Petrobras de diminuir significativamente seu plano de investimentos no período de 2015 a 2019 está pesando sobre a economia, já que a estatal responde por cerca de 10% dos investimentos totais no país.

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