Setores industriais do país pretendem recorrer à Justiça contra medidas anunciadas pelo governo de Michel Temer para encerrar a greve de caminhoneiros que paralisou o país no fim de maio. A Fiesp, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, vai entrar hoje com mandado de segurança na Justiça contra tabelamento do frete, publicado hoje pela Agência Nacional de Transportes Terrestres-ANTT, que segundo o presidente em exercício da entidade, José Ricardo Roriz Coelho (foto), já gerou aumentos no custo do transporte da ordem de 30 a 150%. “Somos contra qualquer tipo de tabelamento. Isso é coisa de 20, 30 anos atrás, não é justo resolver o problema dos caminhoneiros fazendo tabelamento de frete”, disse Coelho, ponderando, porém, que os caminhoneiros fizeram reivindicação justa sobre a melhoria de suas margens de lucro, pressionadas pela queda no volume de carga nos últimos anos. “Mais uma vez, para resolver os problemas de outros setores, a indústria é que está pagando a conta. Não é justo a sociedade pagar preço mais caro por ineficiência no sistema de transporte”, acrescentou Coelho.
Mexer na tabela sem mexer nos valores
Em Brasília, o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, disse que o governo não mudará os valores da tabela de frete previstos na Medida Provisória acertada com a categoria para por fim à greve. Ao sair de uma reunião com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, para avaliação de cumprimento das medidas adotadas pelo governo, o presidente da CNTA admitiu que pode haver ajustes na tabela de fretes, mas não nos valores. A reunião ocorreu horas após o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, dizer que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) se comprometeu a revisar os valores da tabela. De acordo com Maggi, o valor do frete mais do que dobrou, em alguns casos.