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Inflação assim tinha virado história

Paulo César de Oliveira
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O Índice de Preços ao Consumidor – Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, ficou em 0,96% em dezembro, terminando o ano de 2015 em 10,67%, a maior taxa desde 2002 (12,53%), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).O resultado do ano ficou perto da previsão de 10,72% de economistas do mercado financeiro ouvidos pelo último boletim Focus, do Banco Central (BC). Apenas em dezembro, a alta de preços também é a maior desde 2002, quando o IPCA chegou a 2,10%. Em 2014, o IPCA havia subido 6,41%.O grupo que mais pesou no bolso do brasileiro foi o de Alimentação e Bebidas que subiu 12,03% neste ano, contra 8,03% em 2014. Não foi a principal alta porcentual, mas seu peso é maior dentro do cálculo do IPCA. “Em 2015, o consumidor passou a pagar mais caro por todos os grupos de produtos e serviços que compõem o custo de vida, especialmente pelas despesas relativas à habitação, que subiram 18,31%”, segundo nota do IBGE.O grupo Transportes também teve avanço significativo, de 3,75% em 2014 para 10,16% em 2015.

 

Mais do que dobramos a meta

Com o resultado, a inflação fechou 2015 bem acima do teto da meta de inflação do Banco Central. A última vez que isso aconteceu foi em 2003, quando o IPCA fechou o ano em 9,30% – o teto também era de 6,5% naquela época. A meta central para 2015 e 2016 é de 4,5%, mas, com o intervalo de tolerância de dois pontos porcentuais, para cima ou para baixo, ou seja, entre 2,5% e 6,5% O governo já admitiu que não conseguirá trazer o IPCA para a meta central de 4,5% em 2016. Isso deve ocorrer somente em 2017. Quando a inflação foge ao limite da meta, o BC, presidido por Alexandre Tombini (foto), tem de escrever uma carta pública ao Ministério da Fazenda. No documento, a autoridade monetária deverá listar os motivos pelos quais a inflação rompeu o teto estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

 

Um janeiro para alimentar a inflação

Após um ano marcado por aumentos em preços administrados pelo governo, 2016 começa com fortes pressões justamente nos monitorados. Reajustes em energia elétrica, ônibus, taxa de água e esgoto, ICMS (principal imposto estadual), entre outros, devem impactar a inflação já em janeiro, listou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2015, os três primeiros meses do ano também foram marcados por aumentos em administrados, reajustes que acabaram gerando pressões de custos para outros itens. Essa contaminação fez com que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminasse o ano com 160 de seus 373 itens com alta superior a 10%. No início de 2015, eram 91 itens. A coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, prefere não dar certeza de que essa dinâmica se repetirá em 2016, diante dos novos reajustes em monitorados. Tampouco, assegurou que os preços estarão livres dessa pressão. “Janeiro vai concentrar alguns reajustes expressivos e de peso no orçamento das famílias. A depender do que vai acontecer daqui para frente, pode ser ou não que se distribua, que contamine outros meses”, disse.

 

Tarifa de transportes começa puxando a inflação de 2016

Em janeiro, a protagonista da inflação deve ser a tarifa de ônibus urbano. Já foram anunciados aumentos no Rio de Janeiro (11,76%, desde 2 de janeiro), Belo Horizonte (8,82% em 3 de janeiro), São Paulo (8,57% em 9 de janeiro) e Salvador (10,0% em 2 de janeiro). Todas são cidades têm peso dentro do IPCA, segundo o IBGE.Os transportes, aliás, serão os campeões de aumentos no primeiro mês do ano. Isso porque houve ainda alta de 8,57% no trem e no metrô de São Paulo, além de reajuste de 20,0% no ônibus interestadual em Goiânia em meados de dezembro. No ônibus intermunicipal, as pressões virão de Rio de Janeiro (10,48% em 10 de janeiro), Belo Horizonte (12,66% em 3 de janeiro), Fortaleza (10,83% em 27 de dezembro) e Salvador (9,30% em 2 de janeiro). Haverá ainda impacto dos reajustes nas tarifas de táxi em Porto Alegre (7,82% em 5 de janeiro), Rio de Janeiro (10,5% em 2 de janeiro) e Recife (9,93% em 1º de janeiro).

 

E ainda tem água, gás e energia elétrica

No caso da taxa de água e esgoto, haverá aumento de 20,0% em Belém a partir de 23 de janeiro – a cidade estava havia sete anos sem reajustar a conta. Também ficaram mais caras as faturas em Fortaleza (8,47% em 19 de dezembro) e Campo Grande (10,36% em 3 de janeiro). A energia elétrica, vilã de 2015, ainda aparecerá tímida em janeiro. Os aumentos a serem incorporados no IPCA incidiram sobre a parcela referente à contribuição para iluminação pública. Em São Paulo, a alta nesse item foi de 73% em janeiro. Já em Curitiba, o avanço de 18% começou em 8 de dezembro, mas não foi agrupado no IPCA do mês passado e, por isso, vai impactar em janeiro. Outros aumentos virão do gás encanado no Rio de Janeiro (8,88% em 1º de janeiro) e dos cigarros (10% a 20%, conforme a marca, em 31 de dezembro).

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