De 117,9 mil indústrias registradas no país até 2014, apenas 4,3 mil (3,6%) investiam continuamente em pesquisa e desenvolvimento. Da mesma forma, o Brasil investe apenas 1,28% do Produto Interno Bruto (PIB) nessas áreas, bem menos do que países como a Coreia do Sul, que aplica 3,5% de tudo o que produz para desenvolver novas tecnologias. Para reverter esse quadro, o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologias, Inovações e Comunicações (MCTIC), Álvaro Toubes Prata (foto), defendeu a redução da burocracia e a melhoria da educação como instrumentos para estimular o investimento em inovação pelas empresas. Segundo ele, “somente o setor privado pode alavancar o desenvolvimento tecnológico num cenário de crise econômica que criou restrições para o orçamento público nos últimos anos”. Segundo os dados mais atualizados do ministério, até 2014, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (públicos e privados) totalizaram R$ 79,2 bilhões. Com o início da recessão econômica, em 2015, o dispêndio caiu para R$ 76,5 bilhões. “Em 2016 e 2017, certamente esse número caiu por causa da crise, que reduziu o espaço para o governo gastar e também por causa das condições das empresas”, declarou Prata. O secretário foi um dos palestrantes na 16ª Conferência de Inovação da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei). O evento faz parte da Feira Internacional de Negócios, Inovação e Tecnologia (Finit), que começou ontem em Belo Horizonte.
Empresas
Para o representante do MCTIC, a falta de condições de o governo ampliar os gastos com ciência e tecnologia pode ser compensada pelo aumento do investimento privado na área. Segundo a pasta, os dados mais recentes, de 2015, mostram que o setor público investiu 0,64% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, mais que o Japão, onde o governo destinou 0,54% do PIB para a área. Em contrapartida, as empresas aplicaram 0,61% do PIB no Brasil e 2,72% do PIB no país asiático. “Um investimento público nesse montante não é pouco. O problema é que o país investe mal. O país precisa fazer que o investimento público em pesquisa e desenvolvimento alavanque o investimento privado”, disse Prata. Segundo ele, dos investimentos federais na área em 2015, 60% concentraram-se no Ministério da Educação, por meio das universidades federais, e 20,6% foram realizados pelo Ministério de Ciência e Tecnologia.
Medidas
O secretário defendeu três medidas para aumentar a participação das empresas nos investimentos: o aumento da cooperação entre os ambientes acadêmicos e a indústria, o incentivo para as empresas investirem em pesquisa – por meio de programas formais de crédito ou por meio de ações de desburocratização – e o desenvolvimento e o estímulo ao empreendedorismo de base tecnológica por meio das startups (pequenas empresas que vendem soluções tecnológicas). “Por muito tempo, o governo achou que ajudar uma empresa consistia simplesmente em criar privilégios para ela. O governo também ajuda o setor privado a fortalecer a educação e a infraestrutura e a permitir que as empresas busquem novos mercados”, disse. “Um movimento que tem dado certo é o das startups, o do empreendedorismo tecnológico. Até pouco tempo, os jovens que queriam fazer pesquisas ou escolhiam a vida acadêmica ou prestavam concurso público. Hoje, eles estão interessados em abrir empresas.”