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Já superamos outras crises

Paulo César de Oliveira
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O grande desafio do Brasil, hoje, é manter as conquistas econômicas e sociais e avançar mais. Mas este avanço só será possível quando a confiança, na economia e nos governantes, for restabelecida no país. Esta visão é do presidente da Fiat, Cledorvino Belini (foto com PCO e Gustavo Cesar Oliveira), que fez palestra ontem, no Conexão Empresarial, evento que reuniu dezenas de empresários e outras lideranças na sede da VB Comunicação. O empresário, que em novembro assume novas funções no Grupo Fiat, a presidência de Desenvolvimento para a América Latina, não negou que o país vive uma crise, mas lembrou que o país já enfrentou e superou outras de dimensões bem maiores. Ele cobrou mais ação e confiança do empresariado e das lideranças política e da sociedade pois as crises são cíclicas e que o país não pode parar por causa delas. Ao contrário, deve transformá-las em oportunidades para crescimento. Ele, porém, não se arriscou a fazer uma previsão de quanto tempo o país precisará para superar a crise atual. “A atual, não é a maior crise econômica que o já país enfrentou. Política e ética pode até ser. Mas quanto ao fundo do poço, ninguém sabe onde ele está. Certo é que a crise econômica será superada e o país voltará a crescer. Quando será isto, se neste, no próximo, ou no outro ano, é difícil prever”. Bem humorado, Belini lembrou que o Brasil já atravessou crise em que até a “Polícia Federal foi colocada no pasto atrás de boi”, situação vivida no período de implantação do Plano Cruzado, no governo Sarney. Ele chamou a atenção para a necessidade de reformas no país, argumentando que a nossa Constituição foi elaborada sobre princípios que, já no ano seguinte, em 1989, com a queda do Muro de Berlim, se tornaram ultrapassados. Rever alguns destes princípios é fundamental para o país.

 

Setor automotivo preparado para crescer. E muito

Quanto ao setor automotivo, Cledorvino Belini confirmou que as previsões de forte queda nas vendas este ano. A queda no segmento de automóveis, segundo estimativa do setor, deverá ficar em 20%, mas no segmento de tratores e caminhões poderá atingir 50%, consequência da retração da economia. O presidente da Fiat considera, no entanto, que a indústria automobilística do país tem um enorme potencial de crescimento, considerando-se a média de carros por habitante que, em 94 era de 11 habitantes por veículo e hoje é de cinco habitantes por veículo. “Nos Estados Unidos, a média é de um veículo por habitante. Temos então um mercado com potencial de 130 milhões de veículos, se buscarmos a média americana”. Ele garantiu que a indústria automotiva brasileira está preparada para este crescimento e para a evolução tecnológica do setor, mas advertiu que um avanço maior no mercado dependerá da melhoria da mobilidade no país e, fundamentalmente da redução da incidência de impostos sobre o setor. Hoje, segundo ele, o governo é sócio da indústria automobilística, cobrando impostos que equivalem a um terço do preço de um veículo. Belini advertiu também para os riscos da tributação excessiva no setor industrial, lembrando que a indústria nacional vem perdendo participação na formação do PIB nacional, sinalizando risco de um processo de desindustrialização.

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