O Brasil pode mudar as regras para a obrigatoriedade de presença da Petrobras em todas as áreas do pré-sal, instituindo maior “liberdade”, disse o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ao participar de evento em Marrakech, no Marrocos, nesse sábado (31/10). Críticos da obrigatoriedade de participação de ao menos 30 por cento da Petrobras nos campos do pré-sal afirmam que essa exigência engessa a companhia, que tem achatado seu plano de investimentos e buscado vender ativos em meio à investigação de um bilionário esquema de corrupção apurado pela operação Lava Jato. Questionado sobre o tema durante sessão de perguntas e respostas da “Atlantic Dialogues”, Levy saudou a iniciativa da estatal de dar foco aos seus principais negócios, também afirmando que o fato de a Petrobras ser operadora dos blocos do pré-sal não significa que ela opera sozinha, já que conta com a participação de outras companhias como Shell e Total. “Podemos rever isso, podemos dar mais liberdade a isso. As coisas mudam e o Brasil sabe como se adaptar”, afirmou Levy sobre a política da Petrobras como operadora única.
Bolsa Família não atrapalha ajuste
Durante sua participação no evento, o ministro da Fazenda defendeu o ajuste fiscal como ferramenta essencial para o país voltar a crescer, criando um ambiente em que as taxas de juros possam cair. Ele lembrou que parte do ajuste depende do Legislativo, acrescentando que a votação de algumas medidas está “tomando um pouco mais de tempo do que as pessoas pensavam por algumas razões específicas. Mas acho que está seguindo em frente”, completou. Levy afirmou ainda que é preciso rever benefícios e transferências sociais e a efetividade de alguns benefícios fiscais. Perguntado especificamente sobre o Bolsa Família, contudo, ele defendeu o programa como ferramenta “valiosa” de inclusão social. “É uma coisa que não custa muito dinheiro. Cresceu um pouco nos últimos anos, mas mesmo agora representa cerca de 0,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB)”, disse o ministro. Com a agência Reuters.
Brasil pode ajudar no combate a fome na África
Em um painel sobre agricultura e fome na África, Joaquim Levy, afirmou que o Brasil pode contribuir à região com sua experiência no setor. Em especial, Levy mencionou a importância da infraestrutura institucional e as políticas de crédito. “É necessário ter as instituições financeiras no terreno.” Levy é um dos principais participantes da conferência Atlantic Dialogues, sobre cooperação entre países no Atlântico, realizada em Marrakech neste final de semana. Ele embarca de volta ao Brasil neste domingo (1º). O debate sobre a “revolução verde” na África contava também com Olusegun Obasanjo (foto), ex-presidente da Nigéria, entre outros participantes. Antes da discussão, a plateia pode votar por meio de um sistema virtual em uma enquete: que países são modelos para esse desenvolvimento? O Brasil foi escolhido como o principal exemplo, ao lado do Marrocos. Em sua fala, o ministro Levy mencionou especificamente a experiência brasileira na agricultura com o auxílio de fosfato marroquino. O fosfato é um dos principais produtos exportados pelo Marrocos, país que possui 75% das reservas mundiais. O item, usado na fertilização, é também um fator importante do conflito territorial no Saara Ocidental, hoje controlado pelo Marrocos. Sentado ao lado de Levy estava Mostafa Terrab, chairman do grupo OCP, um gigante da exploração de fosfato que é propriedade do Estado marroquino. É uma produção frequentemente criticada. O ministro da Fazenda citou ainda a produção brasileira de feijão preto e soja. “Geramos riqueza e novas oportunidades. Podemos transformar a qualidade de vida e contribuir para o bem-estar de todas as classes.”