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Mario Campos: Etanol x gasolina

Paulo César de Oliveira
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O retorno da cobrança dos impostos federais sobre a gasolina e o álcool, a partir de primeiro de março, deve impactar diretamente o bolso do consumidor. Mas entre os empresários do setor sucroalcooleiro há uma expectativa grande, segundo o presidente da Siamig, entidade que congrega as empresas do setor, Mario Campos(foto). Neste ano há uma expectativa de uma grande safra de cana, mas muitos produtores priorizaram, no último ano, por investir mais na produção de açúcar para atender o mercado mundial.

O que pode acontecer no mercado dos combustíveis, com a volta dos impostos a partir do dia 1º de março?

A questão das desonerações dos combustíveis é um tema que afeta muito o setor desde o dia primeiro de julho de 2022, quando o PIS/ Cofins e a Cide foram zerados, para etanol e para gasolina. O setor foi muito impactado, porque há uma maior tributação na gasolina do que no etanol hidratado. Quando os dois tributos foram zerados nos dois produtos nós verificamos uma perda de competitividade do etanol frente a gasolina, muito forte, muito grande. Nós perdemos grande participação no mercado durante o segundo semestre de 2022 e agora nos dois primeiros meses deste ano. Havia uma expectativa do retorno desses tributos no início do ano, até porque a lei complementar que zerou os tributos em julho do ano passado era taxativa com relação ao retorno em janeiro, mas houve uma edição de uma Medida Provisória que prorrogou por mais de dois meses essa desoneração. Se nada for feito, se não for feito nenhum outro teatro, no dia primeiro de março vão voltar os tributos tanto na gasolina quanto no etanol hidratado. Qual que é o tamanho desse tributo? Na gasolina é 69 centavos por litro, no metanol hidratado são 24 centavos o litro. Com esse retorno dos tributos já está vamos ganhar competitividade frente a gasolina e nós estamos na expectativa de iniciar uma safra grande de recuperação, provavelmente tão grande quanto 2020, que foi o nosso recorde em Minas Gerais. Nós vamos ter mais produto aí disponível durante esse ano safra.

Como o mercado internacional está reagindo ao pós-pandemia e com os problemas causados pela guerra entre Rússia e Ucrânia?

Em relação ao mercado Internacional, nós atuamos principalmente com açúcar. O açúcar vive um momento de curto prazo, muito positivo, em função de reduções de produção em outros países que compõem a oferta do produto a nível mundial. A curto prazo a produção está com um preço bem interessante e para essa safra 23/24, que nós vamos iniciar, a perspectiva, principalmente devido a essas indefinições que nós estamos tendo a nível de política, das desonerações, ainda não sabemos o que vai acontecer, se vai ter ou não alguma interferência em termos de precificação de derivados de petróleo no Brasil com a nova gestão da Petrobras, mas a expectativa é que o Brasil possa ter também uma grande produção de açúcar para suprir um pouco essa necessidade do mundo.

Está mais favorável produzir açúcar ou etanol?

Toda vez que eu comento isso fica aquela dúvida com relação a produção de açúcar versus produção de etanol. O setor produz os dois produtos, a maior parte das empresas produz os dois produtos há uma certa flexibilidade nas fábricas. Mas ano passado nós já tivemos um incentivo maior na produção de açúcar, em função dessas mudanças tributárias. Tanto a produção de açúcar, quanto a produção de etanol, nesse ano vai crescer com aumento do processamento de cana. Nós temos no Brasil algo que tem crescido muito nos últimos anos, que é a produção de etanol a partir do milho. Hoje ele já representa entre 15 e 20% de todo o etanol produzido no Brasil. Nós temos uma produção de etanol crescente e por isso que é importante defendermos a volta dos tributos. Nós acreditamos também que o governo brasileiro precisa desse recurso. Há todo um questionamento da questão fiscal do governo, que precisa desse recurso. O açúcar, no curto prazo, está muito interessante, em função do problema em outros países também produtores. Para o ano safra não é 23/24 a tendência é positiva. (Foto/reprodução internet)

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