A maior recessão da história do Brasil, maior até do que a de 1930/31 que atingiu o mundo, foi provocada pelo descontrole das despesas públicas nos últimos anos, que acabou gerando insegurança nos investidores e dúvidas quanto a capacidade do país em honrar os seus compromissos. O importante, segundo o ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, é que esta recessão está superada e o país começa a apresentar sinais consistentes de recuperação da economia. Citando números de levantamentos do Banco Central, Meirelles (foto) comemorou o crescimento de 1,12% da economia no primeiro trimestre deste ano e a abertura de 60 mil vagas no mercado de trabalho em abril passado. “O importante é que este crescimento está ocorrendo em bases sustentáveis, resultado das mudanças estruturais que estão sendo feitas na economia”. Para alguns empresários que participaram do Conexão Empresarial de ontem, evento promovido pela VB Comunicação, no Espaço V, em Nova Lima, esta afirmativa do ministro, que presidiu o Banco Central no governo Lula, foi uma leve crítica ao crescimento obtido pelos governos petistas que, para muitos, ocorreram sem sustentação, à custa de gastos excessivos do governo. A empresários e políticos que participaram do evento, o ministro disse já ser possível sentir a retomada da confiança dos investidores estrangeiros na retomada da economia no país. Isto se deve, segundo ele, às medidas adotadas pelo atual governo como a PEC dos Gastos, que limitou os gastos do governo, eliminando riscos de não pagamento de compromissos financeiros. A simplificação de práticas de instalação e funcionamento de empresas e adoção de medidas que estimulam a melhoria da qualidade da produção, na visão do ministro, explicam a guinada nos rumos da economia que já podem ser sentida. “O importante é que os empresários brasileiros retomem a confiança e voltem a tomar decisões sobre investimentos, se possível ainda hoje”, disse o ministro. Meirelles apontou ainda o encaminhamento, no Congresso, das reformas propostas pelo governo, como um fator que tem estimulado a economia. Para ele, as reformas estão sendo feitas na hora certa e da previdência é essencial para assegurar a todos os trabalhadores o direito básico de se aposentarem um dia.
Governo edita MP para parcelar pagamento de dívida do Funrural
O governo vai editar uma Medida Provisória regularizando o pagamento do Funrural. O prazo de pagamento será de até 180 vezes e vai permitir o parcelamento da dívida dos agricultores, empresas com os bancos e das empresas com o fisco. A publicação deve sair ainda hoje, segundo informação do ministro da Fazenda, em resposta a indagação do presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Olavo Machado Jr, durante o almoço-palestra Conexão Empresarial, sobre as dificuldades de pequenas e médias empresas em conseguir pagar as dívidas e manter o capital de giro.
Produzir mais e melhor
O crescimento da economia brasileira, desta vez, é sustentável, segundo o ministro Henrique Meirelles, que cobrou dos empresários produzir mais e melhor, porque a economia brasileira é conhecida por não ser muito produtiva. Em resposta, o presidente da Fiemg, Olavo Machado, reclamou das dificuldades enfrentadas pelas empresas, inclusive para conseguir crédito: “Claro que produzimos menos do que precisamos, isso é porque nós estamos obsoletos. A grande realidade é que as empresas grandes, médias e pequenas não têm acesso nenhum ao crédito. Quando tem são com juros exorbitante, que fazem com que a gente não possa efetivamente produzir com o mesmo índice que estão produzindo em outros países. Hoje, um operário americano produz o equivalente a quatro brasileiros e isso onera e nos tira do mercado. Nós precisamos não é de desistir dos brasileiros, é nos prepararmos melhor e termos equipamentos de última geração. Nós estamos na indústria 4.0 e é isso que o mercado nos exige. Se nós não tivermos isso, não tenha dúvida de que nós teremos muitas dificuldades”.
Meirelles está confiante na aprovação da reforma da Previdência
O ministro Henrique Meirelles acredita na votação da reforma da Previdência ainda no mês de maio. A reforma cria condições justas e permite que todos recebam a aposentadoria, que o país volte a crescer e que o país possa ter o seu padrão de vida aumentado para todos ainda neste ano. A reforma, segundo ele, tem grande chance de ser aprovada. Além disso o ministro, em resposta ao fato das reformas não terem sido contaminadas pela operação Lava Jato, falou que elas não dependem de apoio ao governo brasileiro e é assim que elas estão sendo entendidas, não dependendo de uma situação política ou de ações judiciais. Ele falou em entrevista após o almoço-palestra. Um pouco antes da entrevista, o coordenador da bancada mineira e vice-presidente da Câmara Federal, deputado Fábio Ramalho (PMDB), falou que era totalmente contra a reforma Previdenciária. Mas para ele, as discussões avançaram, e independente de ser ou não reeleito, Fábio Ramalho, disse que é preciso ter coragem para tomar a medida na hora certa. Ele aproveitou para cobrar do ministro, após a votação da reforma, que o governo passe a praticar juros reais, e não os estratosféricos como os de hoje e que atualize a tabela do SUS.