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Movimento organizado dos caminhoneiros

Paulo César de Oliveira
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Há muito não se via um movimento tão organizado como o dos caminhoneiros, que não é bem uma greve, contra os aumentos constantes dos combustíveis e que está transtornando a vida do país. É bom que o governo Temer tome alguma providência concreta, não medidas paliativas devido a gravidade da situação, que pode ficar cada vez pior. Por enquanto é a falta de gasolina e álcool nos postos de combustíveis e daqui a pouco, é o alimento nos supermercados. Desde ontem que o transporte está difícil e nos aeroportos várias companhias aéreas cancelaram alguns voos por falta de combustível nos aviões. Se o movimento perdurar por mais alguns dias ninguém sabe o que poderá acontecer. É hora do povo se mexer contra os desmandos do governo federal que está de mal a pior.

 

Movimento dos caminhoneiros impede entrega de etanol nos postos

O consumidor que trocou a gasolina pelo etanol, devido aos aumentos constantes do combustível, enfrenta agora outro problema: o de encontrar o etanol nos postos. A manifestação dos caminhoneiros atinge em cheio os produtores. Com os estoques de diesel no final, as usinas de etanol estão com dificuldades para o escoamento do combustível e tiveram que suspender a sua comercialização. O presidente da Siamig, Mario Campos (foto), alega que uma das dificuldades enfrentadas começa para levar a cana para a moagem por causa dos bloqueios nas rodovias. Além disso, os funcionários também não conseguem chegar aos locais de trabalho e o produto já processado não tem como ser levado até os postos de abastecimento. Em Minas Gerais são 34 usinas afetadas pela greve dos caminhoneiros.

 

Acordo por uma trégua de 15 dias 

No início da noite, governo e representantes de caminhoneiros anunciaram que chegaram a um acordo e a paralisação será suspensa por 15 dias. Em troca, a Petrobras mantém a redução de 10% no valor do diesel nas refinarias por 30 dias enquanto o governo costura formas de reduzir os preços. A Petrobras mantém o compromisso de custear esse desconto, estimado em R$ 350 milhões, nos primeiros 15 dias. Os outros 15 dias serão patrocinados pela União. O governo também prometeu uma previsibilidade mensal nos preços do diesel até o final do ano sem mexer na política de preços da Petrobras e irá subsidiar a diferença do preço em relação aos valores estipulados pela estatal a cada mês. “Nos momentos em que o preço do diesel na refinaria cair e ficar abaixo do fixado, a Petrobras passa a ter um crédito que vai reduzindo o custo do Tesouro”, disse o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia. O governo também se comprometeu a zerar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para o diesel até o fim do ano e negociará com os estados buscando o fim da cobrança de pedágio para caminhões que trafegam vazios, com eixo suspenso.  “Chegou a hora de olhar para as pessoas que estão sem alimentos ou medicamentos. O Brasil é um país rodoviário. A família brasileira depende do transporte rodoviário. Celebramos esse acordo, correspondendo a essas solicitações, dizendo humildemente aos caminhoneiros que precisamos de vocês”, disse o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. O acordo não foi aceito por unanimidade das entidades dos caminhoneiros. A direção da Abcam, que representa 700 mil caminhoneiros afirma que vai manter a paralisação. O governo espera o fim do movimento ainda hoje.

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