A quantidade de consumidores com contas a pagar em junho de 2015 aumentou 4,52%, na comparação com junho de 2014. Os dados foram divulgados ontem (14) pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Os números indicam que a variação ficou próxima da estabilidade, com queda de 0,03% em relação a maio de 2015, quando o índice chegou a 4,79%. Segundo o SPC Brasil, em junho deste ano 56,5 milhões de consumidores constavam de cadastros de devedores inadimplentes. O número representa 39,8% da população brasileira entre 18 e 95 anos. No período, o número de dívidas em atraso aumentou 5,75%, na comparação com o mesmo mês de 2014. A variação entre maio e junho de 2015 foi de queda de 0,86%. Para a economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, cresceu o volume de dívidas por devedor. “Hoje, um único brasileiro inadimplente tem, em média 2,12 dívidas em atraso”.
Sempre dá para negociar
De acordo com a CNDL, além da piora na confiança do consumidor, a aceleração da inflação e o aumento nas taxas de juros prejudicaram a capacidade de pagamento do brasileiro. Em relação a junho de 2014, os maiores registros de altas são de dívidas com até 90 dias de atraso (8,47%) e de 3 a 5 anos de atraso (15,76%). Os destaques são para os setores de água e luz, com crescimento de 15,61% no ano, e de bancos, com 9,55% dívidas a mais que em junho de 2014. O setor de bancos segue como credor de 48,4% das dívidas cadastradas. Marcela Kawauti explicou que a maioria das pessoas acredita que as dívidas mais antigas são impagáveis por causa dos juros. “O que há são dívidas negociáveis. A negociação é sempre a melhor saída e sempre dá para negociar. O ideal é a educação financeira preventiva. Temos que nos ajustar antes do problema ficar mais sério”, concluiu.
Melhor que o ano termine logo
Para o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Honório Pinheiro (foto), os altos índices de inadimplência podem atrapalhar a retomada do crescimento da economia em 2016. “Uma única variável sempre tem efeitos sobre as demais. Com a inadimplência não é diferente”, explicou. De acordo com o presidente da CNDL, é preocupante o aumento de 30% para 35% do limite do desconto do crédito consignado em folha de pagamento. Segundo ele, o aumento pode contribuir com as vendas, mas deve agravar a inadimplência na população de faixas etárias maiores. “Diante do cenário de inflação e inadimplência, (o aumento da taxa de desconto) nos faz crer que não é algo que contribuirá para a economia. A venda precisa ser saudável e o consignado é uma experiência questionável. São essa pessoa (de maior idade) que têm comprometido rendimentos com consignados”, afirmou Honório Pinheiro. Os dados de venda do varejo divulgados hoje pelo IBGE também não são animadores para a CNDL. “Eles mostram uma tendência de queda do volume de vendas no varejo restrito e ainda mais no ampliado”, acrescentou Honório. “Não temos esperança de que as vendas do segundo semestre sejam melhores que as do segundo semestre de 2014. A esperança seria o ano terminar logo. Certamente estaríamos melhor posicionados”, concluiu.