O cerco à leniência fiscal

A Polícia Federal abriu as janelas da penumbra em 190 endereços ligados ao Grupo Refit, herdeiro da antiga refinaria de Manguinhos, que foram alvo de busca e apreensão nesta quinta-feira. A empresa comandada por Ricardo Magro (foto/reprodução internet) figura como símbolo de uma anomalia muito brasileira, com grandes negócios que prosperam à sombra de dívidas colossais. Deve mais ICMS que qualquer outra em São Paulo, é a segunda maior inadimplente do Rio e ocupa lugar de destaque na lista da União. O rombo estimado pelos investigadores chega a R$ 26 bilhões, cifra que desnuda a fragilidade do Estado quando confrontado com a astúcia privada. Em resposta, a Câmara discute o projeto que endurece o combate ao sonegador contumaz. O levantamento do Placar do Devedor mostra maioria confortável: 260 dos 513 deputados apoiam o texto; apenas cinco se opõem. Mas a matéria repousa desde setembro na mesa de Hugo Motta, travada pela disputa partidária por uma relatoria que, de tão cobiçada, virou obstáculo. A democracia avança, mas sempre ao ritmo das ambições que a compõem.