Antes de anunciar os cortes, o Ministério do Planejamento informou que a equipe econômica aumentou para 1,2% a previsão de retração do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) em 2015. Anteriormente, o governo previa para este ano contração de 0,9%. A estimativa para a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu levemente, de 8,2% para 8,26%. O governo projeta ainda dólar comercial em R$ 3,22 no fim do ano. As previsões são da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, mas foram divulgadas pelo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Para o ministro, os números estão em linha com as projeções do mercado. Segundo ele, a economia voltará a se recuperar no segundo semestre. “A queda da atividade está concentrada no primeiro semestre. No segundo, [a economia] deve voltar a crescer e ganhar força no fim do ano. A previsão do mercado hoje é negativa. Ela reflete a realidade de retração nos seis primeiros meses do ano, com recuperação no segundo, parecido com o que ocorreu em 2009”, acrescentou Barbosa.
A receita, claro, acompanha
O fraco desempenho da economia fez o governo reduzir em 5,3% a previsão de receitas da União para este ano. Segundo estimativas do Ministério do Planejamento, a receita líquida da União caiu de R$ 1,223 trilhão, valor aprovado no Orçamento Geral da União, para R$ 1,158 trilhão, diferença de R$ 65,129 bilhões. De acordo com o governo, a queda será liderada pelas receitas não administradas, que deverão cair R$ 31,8 bilhões, puxadas pela redução na cota-parte de compensações financeiras e pela diminuição dos dividendos das estatais federais. Na sequência, vêm a Previdência Social, que deverá arrecadar R$ 28 bilhões a menos que o inicialmente previsto, e as receitas administradas pela Receita Federal, que devem cair R$ 16,3 bilhões na comparação com a estimativa inicial. Para chegar ao contingenciamento de R$ 69,946 bilhões, a equipe econômica usou a previsão de queda de receitas e somou R$ 4,816 bilhões da previsão de aumento de despesas obrigatórias, que não podem ser cortadas. Segundo o Ministério do Planejamento, as maiores altas de gastos obrigatórios serão da compensação do Tesouro pelas desonerações da folha de pagamento, que saltou R$ 4,5 bilhões, e o aumento de R$ 1,6 bilhão no pagamento de subsídios, subvenções e no Programa Proagro.