O disfarce da incompetência

A retórica do “nós contra eles” serve como cortina de fumaça para ocultar a disfunção do sistema tributário brasileiro. A carga sobre as empresas é pesada e mal distribuída, e isso impacta diretamente a tributação da pessoa física, com lucros e dividendos isentos, não por privilégio, mas por compensação ao peso imposto às empresas. O problema é que essa lógica não vale para todos, já que os regimes especiais beneficiam certos setores e distorcem ainda mais o sistema. Corrigir isso exige enfrentar interesses, rever estruturas e mobilizar um capital político que o governo Lula III claramente não possui. Assim, o embate entre “ricos e pobres” torna-se um atalho retórico: rende mais nas redes do que enfrentar a verdadeira raiz da desigualdade tributária. No fim, o populismo fiscal substitui a coragem de governar. Mas a pergunta que não cala no Brasil é outra: faz sentido aumentar impostos para sustentar um governo que se recusa a cortar seus próprios excessos? Nem a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffman (foto/reprodução internet), consegue responder a essa pergunta.