Os principais empresários do setor sucroalcoleiro vão se reunir nesta semana em Nova York para a Sugar Week e para o jantar anual o Sugar Dinner, no Museu de História Natural. Durante o evento, serão discutidas as perspectivas do mercado do açúcar e do álcool no mundo. O presidente da Siamig, Mario Campos (foto), já embarcou para Nova York para debater sobre esse mercado, onde o Brasil até pouco tempo ocupava a primeira posição como o maior produtor mundial, perdendo agora espaço para a Índia, devido aos subsídios concedidos pelo país para impulsionar a produção de cana de açúcar.
Esse evento é importante para os produtores brasileiros se posicionarem em relação ao mercado mundial?
Todos os anos acontece a “semana do açúcar”, a Sugar Week, em Nova York, onde fica a Bolsa de Valores e onde são negociados os contratos mundiais do açúcar. É um encontro, onde o Brasil participa como o segundo maior produtor do mundo. Perdemos uma posição em razão dos subsídios oferecidos pelo governo da Índia, que deu um salto na sua produção em razão desses subsídios, e ainda motivado pelas eleições que estão acontecendo lá, e isso tem prejudicado muito o mercado. Hoje o açúcar não vive um bom momento. O momento agora é do etanol, que vive um bom momento. O Brasil ainda é o maior exportador de açúcar do mundo e nessa semana, normalmente acontecem muitos encontros com as tradings que compram o nosso açúcar e vendem para o destino final, com os produtores brasileiros e com o mercado financeiro. Essas conversas acontecem nesses eventos, principalmente sobre o futuro desse produto. Não é um bom momento, mas é nessa semana que o evento acontece e que tem seu grande momento no jantar de gala, o Sugar Dinner.
A produção no Brasil também aumentou?
Estamos no momento da moagem. Minas vai produzir 65 milhões de toneladas de cana, um crescimento de 3% em relação à safra passada. Investimos no aumento da capacidade de produção de etanol, aumentamos a nossa capacidade de produção em 10%. Nós vamos produzir 3,4 bilhões de litros de etanol e vamos manter a produção de açúcar em 3 milhões de toneladas, em função do momento ruim do açúcar no mercado. Já o etanol, em Minas está crescendo a produção porque nós temos um mercado interno importante, com um equilíbrio entre a oferta e a demanda.
Com o peço da gasolina, o etanol está mais competitivo?
Hoje nós temos uma política que pelo menos não é diária, porque a Petrobras mudou a sua forma de classificação e está dando um espaço maior entre as alterações de preço. De certa forma há um acompanhamento dos preços internacionais seja de petróleo ou de gasolina. Mas no final do ano passado, em pleno final de safra, o petróleo e a gasolina tiveram uma queda abrupta, em menos de um mês e isso foi internalizado e tivemos que competir com o preço da gasolina mais barata. Agora, no início da nossa safra, nós estamos vendo o inverso: o petróleo subindo, gasolina subindo e ainda tem o efeito do câmbio, o que tem deixado a gasolina mais cara, melhorando a competitividade do etanol. A expectativa para este ano é boa, em termos de consumo, porque o etanol é, mais uma vez, alternativa competitiva à gasolina, principalmente em Minas e em São Paulo, onde tem produção de etanol e incentivo ao consumo.
O desempenho da economia está decepcionando os empresários?
Realmente, a expectativa inicial de crescimento não está se concretizando. Por que não está? Na nossa visão empresarial há toda uma expectativa dea aprovação da reforma da Previdência pela classe empresarial, que apoia a reforma. Nós temos um país antes da reforma e podemos ter um país totalmente diferente após a reforma. Há sim uma incerteza que foi criada nesses meses em função do complexo processo para que se tenha a reforma da Previdência e isso tem refletido nas expectativas de crescimento. Isso é fato. Mas a percepção que temos é a de que, por parte do governo. é que é preciso fazer algo para que os investimentos privados, já que o público não tem mais recursos, possa ser a partir de agora, a partir da reforma da previdência, a mola propulsora do desenvolvimento econômico. Há esse diagnóstico feito pela equipe econômica, chefiada pelo ministro Paulo Guedes, que precisa destravar, descomplicar e desburocratizar as formas de investimento privado e melhorar o ambiente de negócios. Depois da reforma, esses investimentos privados é que serão a mola propulsora do crescimento. Esse é um diagnóstico apresentado. Nós teremos uma situação posterior à reforma, onde esses investimentos, que estão represados há anos, essa vontade empresarial de investir, possa enfim, sair do papel. Desde as concessões, algumas delas já aconteceram, até os empreendimentos e investimentos diversos.
Depois da reforma da Previdência haverá a necessidade de se fazer a reforma tributária?
Já tem algumas coisas que foram trabalhadas, como a MP da liberdade econômica, que precisa de regulamentos, mas já é um indício dessa nova visão que está sendo colocada para o país. O recurso acabou. Nós temos um setor público endividado, que não sabe como vai pagar as suas contas, com uma despesa crescente, principalmente com despesas previdenciárias, que não consegue mais se financiar. Se o poder público não parar de gastar para não aumentar o endividamento, não haverá outra solução, o país vai para uma situação como Argentina.