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O setor industrial suspira

Paulo César de Oliveira
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A produção industrial brasileira fechou abril com uma ligeira alta de 0,1% em relação ao mês de março, na série livre de influências sazonais. É o segundo resultado positivo consecutivo, pois em março o setor registrou crescimento de 1,4%. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em fevereiro, o setor recuou 2,9% em relação a janeiro. De maneira geral, no entanto, os resultados são predominantemente negativos. Na comparação com abril do ano passado, a queda chega a 7,2%, na série sem ajuste sazonal – 26ª taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação, embora menor que a observada em março (-11,5%). No índice acumulado nos últimos doze meses, a queda chega a 9,6%. Segundo o IBGE, a ligeira elevação de 0,1% de março para abril mostra taxas positivas em duas das quatro grandes categorias econômicas e em 11 dos 24 ramos pesquisados. Entre os setores, os principais impactos positivos foram em produtos alimentícios (4,6%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (4,0%). Entre os 13 ramos que tiveram a produção reduzida estão os de maior relevância sobre a média global da indústria: veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,5%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-10,9%).

 

Cai o nível da produção na indústria

Mas apesar de uma mexida positiva na produção, o nível de atividade da indústria brasileira voltou a cair em abril, com utilização de 76,9% da capacidade instalada, menor nível da série histórica iniciada em 2002, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria divulgado nessa quinta-feira. O resultado representa queda em relação ao nível de utilização da capacidade instalada registrado em março (77,2%) e também em relação a abril do ano passado, quando o índice se encontrava em 79,8%. A pesquisa de indicadores da indústria feita pela CNI confirma também outras estatísticas negativas sobre o setor, mostrando uma queda no nível de emprego pelo 15º mês consecutivo. O faturamento real da indústria sofreu retração de 0,6% em abril, em relação a março, e de 9,9% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. “Se chegamos ao fundo do poço, esse poço é bem fundo”, disse o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco (foto), após a divulgação. Ele previu trajetória de estabilidade daqui para a frente para o setor. O economista destacou, no entanto, que um alto índice de capacidade ociosa pode ser um indicador macroeconômico capaz de gerar perspectivas positivas, pois sinaliza um alto potencial de retomada de produção sem a necessidade de novos investimentos. Para ele, a situação do mercado interno é “dramática”, e a salvação de alguns segmentos da indústria tem sido a exportação: “Menos ruim são aqueles setores que têm em sua composição esse fator externo, como papel e celulose, por exemplo”.

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