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Ou fazemos os ajustes, ou a onda levará nosso castelo

Paulo César de Oliveira
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O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fez ontem (29) um apelo aos parlamentares membros da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados para que concluam a votação das reformas enviadas ao Congresso Nacional a fim de que a economia volte a crescer. Segundo ele, o desequilíbrio nas contas públicas “é igual a fazer um castelo na praia: se houver uma onda, vem e destrói tudo”. Levy (foto) disse que o ajuste econômico e fiscal não atrapalhará o crescimento da economia do Brasil. Segundo ele, as medidas adotadas orientarão a economia para um rumo melhor. “Precisamos estimular a confiança. Sem o ajuste, os investidores sentem-se inseguros. Com a perspectiva de descontrole fiscal, as pessoas se retraem. Vimos isso no início do ano. As receitas caíram. O PIB [Produto Interno Bruto] não vai cair pelo ajuste fiscal. Precisamos concluir as reformas. ”

 

Brasil escutava a música antiga

Levy lembrou que a adoção de uma polícia anticíclica, que previne quedas na atividade econômica, não pode ser permanente. “A música mudou”, disse. Como exemplo de mudanças que levaram o governo a alterar a política anticíclica, ele citou as alterações econômicas que ocorrem no resto do mundo, que estimulam a saída de capitais do Brasil e derrubam o preço dos produtos básicos vendidos no exterior. Se o governo não mudasse, o Brasil correria o risco de passar por “situação muito grave”, acrescentou. “As políticas para proteger a renda, por exemplo, iriam se deteriorar. Era necessário mudar do estímulo da demanda para estímulo da oferta”, disse Levy. Segundo ele, a situação chegou ao ponto de produzir “saída de capital”, simultaneamente à queda de preços de matérias-primas. O ministro ressaltou, no entanto, que o Brasil, pela primeira vez, estava preparado para a crise com US$ 250 bilhões de reservas internacionais. O Brasil tinha ferramentas para enfrentar a crise. Agora, precisamos enfrentar a nova realidade e fortalecer a receita, pois os gastos não caíram. “Precisamos estar atentos e garantir o equilíbrio fiscal, sem o que não haverá crescimento”.

 

O segredo de Levy: as despesas não caíram

Joaquim Levy disse ainda, na audiência pública na Câmara dos Deputados, que a queda na arrecadação de impostos e contribuições federais foi um dos motivos que levaram o governo a reverter as desonerações implementadas para combater a crise global iniciada em 2008 e que repercutiu também no Brasil. A desoneração da folha de pagamento foi outra medida criticada por Levy. Segundo ele, a desoneração não gerou empregos novos no país. Em um momento de descontração, Levy – que defendeu a aprovação do ajuste fiscal pelos parlamentares – disse que iria contar um segredo: “Os gastos ainda não caíram. Temos que tomar cuidado”. Segundo o ministro, para garantir os ganhos sociais no país é necessário que haja mudanças no rumo das políticas econômica e fiscal do governo. Ele revelou que o governo está cortando as despesas na carne e que esse esforço precisa ser distribuído por todos os setores da sociedade. “Este é o caminho do crescimento”, disse.

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