Tecnicamente, o país saiu da crise e após três anos, a indústria mineira começa a dar sinais de recuperação, apesar das feridas muito grandes, segundo o economista da Fiemg, Guilherme Velloso (foto). Pelos dados apresentados por ele, de 2014 a 2016 o PIB caiu 8,2%, o consumo, que representa 60% do PIB, caiu 8,1%. Alguns setores foram fortemente atingidos pela crise, como o de máquinas e equipamentos, que teve uma queda de 27,8% nos investimentos e sofreu com uma forte depreciação. E é justamente este setor que mede a capacidade do país crescer. Por outro lado, as exportações do setor cresceram 5,3%. Guilherme Velloso disse que esse movimento de recuperação da economia começou no último trimestre de 2016, mas tem sido uma recuperação lenta. Ele alerta para os impactos que pode sofrer a economia com as eleições do ano que vem, que envolve riscos e questões estruturais.
Recuperação
A expectativa é a de que no ano que vem o país tenha um crescimento de 3,33% da produção industrial e de 2,57% para a economia mineira. Os principais responsáveis pela recuperação, de acordo com Guilherme Velloso, foram a mineração, devido à melhora dos preços internacionais, e a metalurgia, devido à recuperação da indústria automobilística. Ainda segundo Velloso, a inflação abaixo da meta e a taxa de juros no menor patamar da história viabilizaram a retomada. Os empresários estão mais otimistas e o cenário externo, principalmente nos Estados Unidos, vem sendo uma surpresa positiva. A economia americana está crescendo e o aumento da taxa de juros nos EUA deve ser lenta.
Acertos de Temer
Mesmo sendo um governo de transição, algumas medidas tomadas pelo presidente Michel Temer são consideradas acertadas pelos empresários mineiros. A começar pela escolha dos nomes para compor a equipe econômica, que é respeitada no Brasil e no exterior, além do tripé macroeconômico que envolve a PEC dos gastos públicos, aprovada no Congresso Nacional, e a independência do Banco Central. O encaminhamento das reformas como a Trabalhista e a Tributária foi outro ponto importante para a recuperação econômica. O resultado, na visão do economista, foi que a inflação despencou e deve fechar a 2,88%. A redução da taxa de juros também foi importante e os empresários ainda apostam em mais uma queda de 0,25%. Se isto acontecer, será a mais baixa taxa de juros da história do país, com 6,75%. Essas mudanças provocam, segundo Guilherme Velloso, a redução do risco país e permite uma taxa de câmbio equilibrada.
Problemas que persistem
A recuperação lenta da economia brasileira expõe alguns problemas, que para os empresários mineiros, precisam ser enfrentados. Entre eles os que mais preocupam são a insegurança jurídica no país, a elevada carga tributária, o déficit de infraestrutura, a baixa produtividade, os elevados custos produtivos e logísticos, além do problema fiscal estrutural.