O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida (foto), reconheceu ontem a pressão por flexibilização da regra do teto de gastos, mas alertou que eventual permissão para mais gastos implicaria alongamento da sequência de déficits primários, o que pode ser perigoso se o cenário de juros mudar. Por isso ele fez um apelo por maior controle dos gastos obrigatórios, que têm roubado espaço das despesas discricionárias em meio às limitações impostas pelo teto. “Pela primeira vez eu estou escutando com insistência de amigos meus, muito próximos, sugestão de mudança da PEC do teto de gastos. Alguns amigos meus falam que é muito dura, está inviabilizando setor público e que tem que tornar PEC mais flexível”, disse ele, a respeito da regra que limita o crescimento dos gastos públicos à inflação do ano anterior. Mansueto avaliou que uma flexibilização do teto que não fosse acompanhada de aumento da carga tributária – algo refutado pela sociedade – alongaria, na prática, a sequência de déficits primários já vivida pelo país. O governo não tem conseguido economizar para pagar juros da dívida pública desde 2014 e prevê que seguirá no vermelho até 2022, completando 9 anos seguidos com rombos primários.