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Protecionismo de Trump pode atingir o Brasil mesmo de forma indireta

Paulo César de Oliveira
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Os países produtores de aço continuam sob o impacto das decisões pouco ortodoxas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Muitas vezes mostrando que age mais com o fígado do que pela lógica, Trump causou um constrangimento geral ao sobretaxar o aço e o alumínio em 25%. A ideia era atingir a China, mas afetou a todos e agora, vai analisar caso a caso, menos a situação da China. O que poderia parecer um alívio para as siderúrgicas brasileiras e para os países atingidos, na realidade mostra um outro perigo. Se for afastado dos EUA, a China vai procurar outros mercados e o Brasil, segundo o presidente da Usiminas e Conselheiro do Instituto Aço Brasil, Sérgio Leite (foto), é um mercado aberto.

 

A decisão dos Estados Unidos de suspender a sobretaxa do aço e do alumínio alivia a situação para o setor?

Todo o Conselho do Instituto do Aço Brasil esteve em Brasília conversando com o presidente Temer e com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Essa medida do Trump, na realidade, traz o protecionismo para o comércio internacional de aço. Isso, como decisão, não é bom nas relações internacionais de comércio. Essa decisão do presidente Trump deixa aberto o caminho de uma negociação. Temos dois tipos de negociação: uma para excluir algum produto, e essa tem que ser feita mediante solicitação de empresas americanas, que importam produtos que elas queiram retirar dessa sobretaxa. A outra ação é para excluir da seção 232 um país. No caso da exclusão do país, essa negociação é feita direta pelos dois países. É preciso ressaltar que essa medida foi aplicada para todos os países produtores de aço, ela só não atingiu México e Canadá, que estão dentro do Nafta e a Austrália, que é um parceiro forte dos EUA na questão da segurança. Nessa conversa com Temer e Rodrigo Maia, mostramos que nós queremos que o governo brasileiro atue para o Brasil ficar fora de qualquer taxação para o aço, que foi taxado em 25%. O governo brasileiro já está trabalhando. A embaixada brasileira em Washington já está atuando. Os ministérios das Relações Exteriores e da Indústria e Comércio também já estão trabalhando. Nós solicitamos ao presidente Temer, que ele entrasse em contato direto com o presidente Trump. Nós estamos fazendo esse trabalho e o governo brasileiro já está atuando. O presidente Michel Temer se sensibilizou muito com o tema e se comprometeu conosco a atuar.

 

O Brasil sendo excluído dessa taxação ainda pode sofrer algum impacto?

Pode ter porque os produtos que iriam para os Estados Unidos, vão para onde? Quem exportava para os EUA vai buscar outros mercados. O Brasil é um mercado aberto e pode haver pressão de venda. É o que nós chamamos de desvio de comércio e esses produtores podem tentar vender no Brasil.

 

Por outro lado, o aço do Brasil ficaria mais competitivo nos EUA?

Seria menos um competidor nos EUA. Só que os EUA já têm processo antidumping contra diversos produtos brasileiros. No caso da Usiminas em curto prazo o impacto é zero. Nós não exportamos mais para os EUA. No longo prazo tem esse risco desse desvio de comércio.

 

Qual foi o impacto na Bolsa, em relação às ações da Usiminas?

O valor das ações caiu em pelo menos 10%. Se o Brasil sair dessa sobretaxa, a situação volta ao normal. Esse impacto deixa de ter sentido.

 

A Usiminas está focada no mercado interno?

Nosso foco é o mercado interno. Nós colocamos aqui no Brasil 85% das nossas vendas.

 

O mercado brasileiro está reagindo a esta crise?

Nós estamos percebendo que o mercado está apresentando sinais de melhora em relação ao ano passado, depois de três anos de uma queda que ultrapassou 30%. Neste ano nós já estamos percebendo um mercado e uma economia mais ativa. Os dados divulgados pelo setor automotivo mostram um crescimento em janeiro e fevereiro de 15%, o que é um número excelente. Na construção civil a recuperação está muito lenta, mas de maneira geral percebemos que o Brasil começa a se recuperar no consumo de aço.

 

A Usiminas vive uma nova fase e entrou novamente nos trilhos?

Desde que nós divulgamos o resultado do segundo trimestre do ano passado, que foi muito bom, em julho de 2017, a Usiminas passou a ser uma empresa normal. O resultado que nós divulgamos referente aos números de 2017 foi muito bom. Nós apresentamos um ebitda de R$ 2,2 bilhões. Foi o nosso melhor resultado nos últimos 7 anos. A Usiminas hoje é uma empresa normal e estamos trabalhando intensamente.

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