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Recuperando o fôlego

Paulo César de Oliveira
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O último ano foi um desafio para os empresários dos setores de comércio e serviços. Com as limitações impostas pela pandemia da Covid-19 os prejuízos vieram. Muitas contas para pagar e quase nenhum dinheiro em caixa. Quando as coisas pareciam estar voltando ao normal, veio mais uma onda e as restrições voltaram. A abertura do comércio, mesmo que lentamente, voltou a dar um novo ânimo para o setor, mas o presidente da CDL-BH, Marcelo Souza e Silva (foto), vê um longo caminho pela frente. As datas comemorativas têm servido de termômetro para analisar o humor do consumidor, e pelo menos por enquanto, tem ajudado a recuperar as perdas de 2020.

Qual a expectativa para as vendas no Dia dos Pais?

Nós estamos sentindo, desde o Dia das Mães, que houve uma melhora nas vendas, para o Dia dos Namorados houve uma melhora também e estamos em uma crescente mês a mês. Não é no volume esperado, mas é uma sinalização positiva de crescimento. Para o Dia dos Pais, nós também tivemos a notícia excelente de que o governo estadual de pagar o salário dos servidores públicos em dia, nós temos R$ 800 milhões de folha de pagamento e esse é um público consumidor, que pode voltar às compras com mais segurança. Essa foi uma excelente notícia, combinada com a vacinação e com a volta das outras atividades, a expectativa é não só com as compras, como com a confraternização das famílias. Isso é muito importante, a volta de toda engrenagem, com tudo funcionando, ainda que não seja na sua totalidade. Nós esperamos para o segundo semestre um crescimento positivo. A expectativa nossa é a de que no mês de agosto, com a alavancagem do Dia dos Pais, o faturamento das lojas chegue a R$1,710 bilhão.

Isso significa o que em relação a 2020?

É um crescimento ainda acanhado de 1,5 a 2% , mas já é a sinalização de um crescimento, e isso é muito importante .

Essa questão do servidor público recebendo em dia, isso quer dizer que ele pode se endividar pode comprar produtos mais caros gastar mais?

O que acontece é que a característica do mineiro, é uma característica mais segura. O mineiro é um pé atrás, então essa questão de ele não receber em dia, receber picado, ele fica mais receoso de consumir e atender as suas necessidades. O pagamento em dia dá mais segurança para que ele possa se planejar. É lógico que nós sempre recomendamos o consumo consciente, não é para a pessoa sair se endividando, sair gastando. Nós estamos falando de 111 mil pessoas, entre ativos e inativos, que movimentam bastante o comércio Belo Horizonte e com isso nós temos um retorno melhor, também da qualidade dessa venda. O consumidor acaba tendo um ticket médio mais alto, pagando muitas vezes à vista, movimentando de maneira qualitativa o comércio.

A previsão para esse ano está melhor também. Com qual a expectativa o CDL trabalha para Natal para as festas de fim de ano?

A nossa expectativa de fechar o ano no comércio em Belo Horizonte, com crescimento em torno de 4,5%, comparado com o ano anterior. O ano anterior não foi ruim na sua totalidade por causa do fechamento. As vendas tiveram bons números, até porque, no final do ano nós estávamos na expectativa de ter terminado a pandemia. Isso trouxe novamente as pessoas e com isso tivemos um crescimento de 4,5% , que é mais ou menos o crescimento do PIB, que ficou em torno de 5,5%. Nós temos uma expectativa muito boa do crescimento das vendas. Mas nós precisamos aumentar o faturamento das lojas e precisamos, também, ter a segurança para que a gente possa voltar com a empregabilidade, porque quando você gera trabalho, você gera riqueza. O que gera a riqueza de uma cidade, de um estado, de um país é o trabalho. Nós estamos vendo ainda um contingente muito grande de desempregados. Nós precisamos de políticas públicas, de desenvolvimento econômico e social eficientes, tanto municipal, estadual quanto e federal, com, com a participação dos empresários, fazendo a nossa parte também. Buscando sempre vender mais, voltando com a retomada da economia e abrindo novas vagas de emprego para melhorar a renda das famílias, o que retroalimenta o comércio e serviços.

O Banco Central decidiu aumentar em um ponto percentual a taxa Selic e fala em chegar a 7%. O que essa decisão impacta no comércio?

Nós vemos isso com muita cautela. Nós sabemos que essa movimentação do Banco Central em relação à Selic é para é para segurar a inflação, que é também um mal que a gente vive aqui no país, mas sabemos que a inflação está subindo no mundo todo. O Brasil com o dólar mais alto, vendendo para fora, as empresas faturam mais e o consumo interno fica prejudicado. É preciso ter muita cautela porque a Selic mais alta, não deixa empresas, principalmente as micro e pequenas, buscarem crédito com condições melhores. Com isso as empresas podem segurar a expansão de seus negócio, as contratação. Esse equilíbrio que o Banco Central tem que buscar é muito importante para que a inflação não aumente, mas que não prejudique a expansão das empresas, a contratação de nossos funcionários tão necessária nesse momento.

Existem muitas críticas, as reformas que o governo federal está propondo, principalmente e dque elas irão pesar para os empresários. Qual é a análise que está sendo feita pela CDL?

A CDL de Belo Horizonte ela junto com a nossa Confederação Nacional, com as duas mil CDLs do Brasil buscando que essa reforma tributária seja mais justa possível. Mas sabemos que não virá uma reforma tributária tão ampla e abrangente. O que nós temos que trabalhar é com a questão da simplificação, de procedimentos, com a redução de impostos, no que for possível. Hoje temos uma carga tributária em torno de 40% e temos que trabalhar dentro do que for possível para que tenhamos um avanço. O país também está retomando as suas condições e os governos estão se reestruturando. A reforma tributária é muito importante, mas a reforma administrativa também é. Porque, se você trabalha a eficiência do estado, com menor custo e despesa, você consegue fazer uma reforma tributária em que você reduz efetivamente essa necessidade do governo de estar abocanhando parte das atividades de todos nós, não só das empresas como das pessoas físicas.

Como está o diálogo com o poder público?

Nós temos uma ligação muito forte com o governo do Estado. Estamos com um diálogo muito bom. Infelizmente não temos esse diálogo com a prefeitura. Esperamos um chamamento da prefeitura, juntamente com as outras entidades setoriais para fazer um planejamento de curto, médio e longo prazo para essa retomada da economia. Mas a CDL não pode parar e nós estamos aqui tratando vários assuntos. Nós tivemos uma reunião com o Comando do Policiamento da Capital, solicitando uma atenção especial devido a retomada das atividades, não só do comércio, pois nós estamos voltando com as escolas, eventos, abertura de bares restaurantes até mais tarde, com o comercio e serviços funcionando nos horários mais extensos, então, a Polícia Militar é fundamental nesse momento para manter essa tranquilidade. A polícia é parte relevante para manter a tranquilidade do funcionamento para que tenhamos aí sim, a melhoria das vendas.  (Foto reprodução internet)

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