Para além da pergunta sobre quem vai pagar a conta da proposta de “Tarifa Zero” para o transporte público, a possibilidade de resposta já nasce truncada. Estudo conjunto da Universidade Federal de Brasília (UnB) e da Universidade de São Paulo (USP) intitulado O Custo da Tarifa Zero, encaminhado ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (foto/reprodução internet), apontaram que a ausência de dados públicos sobre custos e contratos tornam impossível estimar com precisão o impacto econômico de uma política nacional de transporte gratuito.
De acordo com o relatório, o custo operacional dos sistemas é frequentemente confundido com o valor repassado às concessionárias, o que distorce qualquer cálculo. Informações estratégicas, como quilômetros rodados, frota ativa, número de viagens e consumo de combustível, permanecem nas mãos das empresas, sem auditorias independentes. O Sistema Nacional de Informações em Mobilidade Urbana, que deveria centralizar esses dados, não é atualizado desde 2022. Essa falta de transparência gera o que o relatório define como “a caixa-preta da mobilidade urbana brasileira”.