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O alto custo dos Poderes do Estado

Paulo César de Oliveira
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Algumas regiões do estado têm atraído a atenção de investidores, como é o caso do Norte de Minas, em especial a cidade de Montes Claros. A explicação para esse interesse, inclusive de chineses, está nas potencialidades da região, segundo o prefeito da cidade Humberto Souto (Cidadania). Ele acredita em novos investimentos para a região com o estreitamento da relação comercial entre Brasil e China. Humberto Souto (foto) também fala das dificuldades e do abandono das pequenas localidades, da polêmica extinção dos pequenos municípios proposta pelo governo federal, e defende que haja eleição todo ano no país, para que o povo aprenda a votar. Para ele, o problema do Brasil é de caráter.

 

O que está atraindo os empresários chineses para Montes Claros e região?

Os chineses estão com um empreendimento muito grande no Norte de Minas. Falamos Montes Claros porque é o polo regional. Mas eles estão com um grande empreendimento de mineração em Grão Mogol e alguns outros municípios, um empreendimento de R$ 3 bilhões. Na exposição em Montes Claros houve um simpósio especial para os chineses para que eles conheçam a região. Compareceram em torno de 50 empresários e entidades para conhecer a potencialidade da região, o programa de energia solar, que está se expandindo muito. Conheceram as reservas de minério da região. Ainda não sabemos o resultado disso, mas temos que exercitar, mostrar o que temos.

 

Com esses recursos que o governo federal está tentando atrair na China, o senhor acredita que a região pode ser beneficiada?

Isso vai melhorar, porque o que fizemos foi mostrar a região, que é virgem e tem grandes possibilidades, não só com energia solar, mas também com os minérios que temos. Com essa aproximação comercial do Brasil/ China, como estavam presentes na exposição instituições representativas da China, podem ser canalizados alguns investimentos. Em Porteirinha temos extração de ouro, ferro, como também na região de Rio Pardo e Grão Mogol e uma série de outros minérios.

 

Falando de política, a proposta do governo que trata da extinção de pequenos municípios está causando muita polêmica. Qual a posição do senhor em relação a esse assunto?

Não é um projeto só para acabar com os municípios, é uma reforma administrativa importantíssima. O país está atrasado um século em relação à questão administrativa e esse é um dos quesitos, que está a cargo do Congresso Nacional. São dois ângulos a serem analisados. Tem-se o custo disso, o custo burocrático para a nação, somando-se ao custo Brasil. Por outro ângulo, eram regiões muito abandonadas, em várias partes do Brasil, que com a transformação em município, despertaram para uma administração local, com uma preocupação maior com as pessoas, com o indivíduo. Essa descentralização tem benefícios, em que pese o preço, para regiões abandonadas. É um preço muito grande. Mas Montes Claros, por exemplo, tem distrito que fica a mais de 100 quilômetros do município e isso também tem um preço para administrar. Januária tem distrito com distância de 150 quilômetros. É muito complicado isso. Tem duas vertentes e as duas são importantes. Se formos analisar o custo, se pensarmos quanto custa o Legislativo, o Judiciário, quanto custam os vereadores, nós vamos perceber que eles custam muito caro.

 

É preciso repensar essas questões, do custo dos poderes?

Não sei se vamos conseguir fazer isso, porque já está tudo muito enraizado nos costumes brasileiros. Mas realmente, a máquina burocrática custa muito caro para o Brasil. A máquina dos poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, pesa muito e, no final, quem paga é o povo. O governo não tem nada, não planta arroz, não planta feijão. Quem paga tudo isto é o povo. Mudar essa legislação por leis normais é muito difícil.

 

As eleições municipais vão acontecer no ano que vem. O senhor vai buscar a reeleição?

Está muito longe ainda. O mau do Brasil é você assumir já pensando na reeleição, porque você transige com tudo. Você acaba dando o que é do Estado, do município e da União. O que é preciso pensar é em fazer um bom mandato, cumprir bem o seu dever e na hora da eleição, discutir o problema político, que também é muito importante, mas na hora certa. Nós temos que deixar essa mania do brasileiro. Só se fala na eleição de 2022, não tem sentido um negócio desse. A vontade de todo político é a de dar as coisas, dar aumento para o funcionário, dar gratificações, é da prefeitura, do Estado, pode dar. A pessoa tem que se conscientizar de que as coisas são do povo. Quando você está no poder e está dando alguma coisa, está dando o que é do povo. No dia em que se conscientizarem disso vão pensar em administrar.

 

O senhor acha que deveria acabar com a eleição a cada dois anos?

Eu acho que no Brasil deveria ter eleição todo ano para o brasileiro aprender votar. O que tem que acabar é com a festa da eleição, eleição é uma coisa normal. O problema do Brasil é um problema de caráter.

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