A crise econômica tem atingido fortemente os estados e em Minas Gerais não tem sido diferente. O governador Fernando Pimentel (PT) tem buscado alternativas para reforçar o caixa, mas é uma luta diária, que tem reflexos, inclusive, na Assembleia Legislativa, onde o governo tem ampla maioria. O líder do governador, deputado Durval Ângelo (PT), disse que neste ano o governo não fez nenhum repasse para o custeio da Assembleia Legislativa, mas o presidente da Casa, Adalclever Lopes, ainda assim, tem conseguido administrar sem prejuízo aos trabalhos. Os deputados também têm colaborado aprovando os projetos de interesse do governo. Por isso, Durval (foto) acredita que nas eleições de 2018, Pimentel continuará, não só tendo o apoio do PMDB e dos outros quatro partidos que o levaram ao Palácio da Liberdade, como ampliando essa aliança para 10 partidos. As críticas vão para a Associação Mineira dos Municípios, que, para Durval Ângelo, virou o partido das “viúvas” de Aécio Neves.
O ano de 2017 foi difícil para o governo. Sem dinheiro, com parcelamento de salários, foi um ano difícil inclusive na Assembleia Legislativa?
Nós estamos tendo dificuldades. É aquele ditado popular: “em casa que falta pão todos brigam e ninguém tem razão”. Nós vivemos aqui uma situação realmente difícil e isso se reflete no Parlamento. Acaba que as dificuldades na sociedade, a crise política e econômica que nós vivemos no Brasil, as dificuldades no executivo estadual, toda a questão da crise vivida e ainda com o componente do processo do governador, isso reflete diretamente na Assembleia. A Assembleia é a caixa de ressonância da sociedade e dos outros órgãos. Não tenho dúvida disto. Mas acho que na Assembleia nós tivemos uma gestão administrativa muito competente do presidente Adalclever, que mesmo com muitas ausências de repasses do governo estadual, como por exemplo, nós não recebemos nada de custeio neste ano e ele conseguiu administrar a Casa sem nenhuma suplementação orçamentária e ao mesmo tempo conseguiu aprovar matérias importantes, como é o caso do Refis, no ano passado. Hoje nós temos uma situação que, se não está pior no governo do Estado, é porque o Refis não permitiu que o governo fizesse essa renegociação. Nós aprovamos o projeto em junho desse ano e o governo já conseguiu captar recursos tanto à vista, quanto à prazo no mercado. Ao mesmo tempo os projetos do governo que sejam de contenção, que seja para definição de políticas, foram aprovados na Casa.
O governo tem conseguido aprovar todos os projetos de seu interesse?
É bom destacar uma questão: em muitos casos com os votos da própria oposição, eles são aprovados pela unanimidade ou quase unanimidade dos deputados. Nós temos, na Liderança de Governo, enfrentado essas dificuldades, mas nos momentos de crise e dificuldade, nós temos que ser mais criativos e saber como conduzir. Hoje temos vários estados no Brasil que atrasam os salários. Minas Gerais não é dos piores, porque o pagamento acontece dentro do mês. Hoje nós temos estados no Brasil que tem três, quatro e até cinco meses de salário atrasado. Imagina o que é essa dificuldade concreta para um administrador público. Minas vem encaminhando as coisas e também tem perspectivas para o ano que vem. Nós temos aí renegociação da dívida, o encontro de contas, nós inclusive criamos uma comissão na Assembleia, em que fui relator, para apoiar o governo neste processo. Nós temos a questão da securitização da dívida que será votado no ano que vem, mas é uma perspectiva concreta. Nós temos fundos imobiliários que podem captar recursos, nós temos a abertura do capital da Codemig, que pode ajudar na captação, nós aprovamos um projeto que prorroga os Refis, com o que o governo vai poder continuar negociando os débitos das empresas.
Qual o valor das dívidas que o Estado tem a receber?
Hoje o governo do estado tem de créditos a receber quase R$ 70 bilhões com as empresas privadas e nós só conseguimos renegociar de R$ 7 a R$ 8 bilhões. Estamos, portanto, só com 10% dos créditos negociados e essa prorrogação vai ajudar muito. Na Assembleia, o governo tem uma parceria, em um primeiro momento com o bloco da situação, mas em alguns momentos até com a oposição. A própria crítica mais radical, a mais extremada da oposição acaba servindo de alerta. Até a crítica injusta, no princípio da democracia, deve servir de alerta para o governo corrigir os seus erros e continuar caminhando.
Com que perspectivas o governo e o PT vão trabalhar em 2018?
Pelos projetos que nós aprovamos na Assembleia Legislativa, pelo investimento do governo Fernando Pimentel na economia criativa, nós vamos ter um ano melhor. Acho que 2018 será um ano melhor porque nós vamos avançar também em políticas de investimento e reduzir o parcelamento do salário dos servidores. Mas estamos em uma conjuntura que está difícil no Brasil todo, está difícil para todos os municípios, que se igualam, de alguma forma à situação no Brasil. Ao mesmo tempo, se olharmos bem, os nossos adversários também não estão sendo felizes, nem na conjuntura nacional, nem na questão judicial e policial. Na realidade, as lideranças que são da oposição estão enfraquecidas. É um jogo em que o peso da máquina pode ajudar. Se nós estamos tendo desgaste e dificuldades, os nossos adversários estão tendo maior. Acho que ninguém vai poder jogar pedra no telhado do outro, porque o telhado do outro também é de vidro. Agora, a gestão do estado no ano de 2018 será decisiva. Nós tivemos os fóruns regionais de governo nesses últimos três anos, tivemos políticas na agricultura familiar importantes, tivemos uma parceria boa com os professores. Tivemos 54% de aumento real que os servidores receberam nesses últimos três anos e o nosso desafio é como avançarmos. Então, 2018 tem que ser um ano de avanços. Precisamos levantar a cabeça e termos perspectivas de futuro de ampliar obras e projetos de obras e investimentos no estado.
Em termos eleitorais, o PT vai conseguir reeditar a aliança PT/PMDB?
Nós disputamos as últimas eleições com cinco partidos: PT, PMDB, PC do B, PROS e PRB. Acredito que nós vamos manter essa aliança e acho que esses cinco partidos continuam, mesmo com o problema do PMDB nacional. No estado, a maioria do PMDB, que representa de 70 a 80% do PMDB e que é constituída dos 14 deputados estaduais e de 5 dos 6 deputados federais, defende que a aliança seja mantida. Todos estão apoiando Pimentel. A bancada federal, a exceção de um deputado, se encontrou com o governador e consolidou apoio. A bancada estadual, por unanimidade, reuniu com o governador e também confirmou apoio. Então, acredito que vamos ampliar mais uns 10 partidos nessa caminhada do ano que vem, onde o tempo de televisão, o palanque eletrônico será fundamental, e nós temos condições de ampliar esse palanque eletrônico para mais de 50% do tempo de televisão, nós vamos conseguir chegar em todos os rincões de Minas, em todo estado e acredito que a nossa situação hoje, nas eleições de agora, com a ampliação desta aliança, com a ampliação de apoios será melhor do que há três anos. A questão do PMDB é um fato consolidado que a decisão será da direção estadual, dos delegados em convenção estadual e não tenho dúvida de que a maioria vai votar pela manutenção da aliança.
O PT diminuiu nas eleições municipais. Para 2018, qual a expectativa do partido? O PT recuperou a sua credibilidade?
As pesquisas indicam que estamos recuperando. Nós já atingimos 30% como o partido de preferência do brasileiro. Na eleição passada estávamos abaixo de 10%, mas as últimas pesquisas Datafolha, Ibope e Vox Populi indicam que o PT tem hoje de 21 a 25% de preferência do eleitorado. Então nós recuperamos e acredito que 2018 será um ano bom para o PT nas eleições. O protagonismo que o presidente Lula está tendo, tem ajudado o Partido dos Trabalhadores.
Os prefeitos têm reclamado da falta de repasses de recursos do governo. Como entrar em uma eleição com uma relação ruim com os prefeitos?
Na eleição passada nós não tínhamos nem 150 prefeitos nos apoiando. O partido mais forte é o do Palácio da Liberdade e os prefeitos estavam todos com o nosso adversário. Os prefeitos estão bem com o governador. O que não está bem é a Associação Mineira dos Municípios, com o Julvan. Essa sim, tem sido sempre uma bandeira de oposição. É interessante que sempre ocorreram atrasos, não tanto como agora, mas tivemos atrasos em governos anteriores da questão tributária, na questão do repasse do ICMS. Essa questão não é nova, não é uma novidade, não é a primeira vez, agora está acentuado em função da crise. Acho que a Associação Mineira dos Municípios se tornou um partido eleitoral. É o partido das viúvas do Aécio Neves. Acho que nesse jogo, eles estão fazendo um jogo partidário. Vão ao governador e dialogam e não mantém o diálogo. Enquanto partido, quem sabe o Julvan será o candidato a governador pelo partido das viúvas do Aécio Neves? Eles sempre estiveram com Aécio e estão agora. Eles é que vão ter que explicar nas eleições porque esse ódio tão grande ao governador Fernando Pimentel. Será que é porque o Pimentel ganhou a eleição e eles ainda estão fazendo o terceiro turno das eleições?