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Empresário defende a volta à normalidade

Paulo César de Oliveira
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Aumenta o coro dos que consideram importante que o Brasil mantenha a sua atividade econômica, mesmo que isso signifique o avanço do novo coronavirus. O empresário e consultor financeiro, Aquiles Leonardo Diniz (foto), argumenta que é preciso preservar os idosos e os doentes, liberando o resto da população. Ele acredita que a economia brasileira não aguenta ficar tanto tempo parada e pondera que os efeitos podem ser bem piores, com aumento do desemprego e do caos social.

 

Avançar nessa crise sem perder empregos?

Não tem outra maneira a não ser preservar os idosos e doentes e liberar o resto da população para trabalhar normalmente.

 

A vida continua?

A vida tem que continuar. O Brasil não pode parar. Pode parecer um pouco duro, mas não tem outra saída.

 

Qual a alternativa para desatar esse nó, diante do pânico e de paralisia da sociedade?

O pânico e a paralisia vêm do que é diferente. Nós nunca tínhamos passado por uma situação como a que está acontecendo. Essa situação é mundial e veio se alastrando devagarzinho. Nós ficamos assistindo chegar ao Brasil. E ninguém sabe exatamente o que fazer. Politicamente as decisões são muito difíceis porque envolvem pessoas, vidas, uma série de coisas, envolve economia, desemprego. Isso apavora. Na hora em que se para pensar que é preciso encontrar um caminho, percebe-se claramente que vai ter que deixar a população livre para trabalhar, para continuar com a vida e preservar o grupo onde é mortalidade mais alta, que são os maiores de 60 anos. Na hora em que se percebe isso mais claramente, e é isto que estou percebendo, vê-se que precisamos voltar ao normal. O pânico vem do desconhecido e não estamos sabendo lidar com isso. Isso leva as pessoas a se agarrarem na religião, a se ligarem a coisas que não fazem o maior sentido. Nós temos que sair disso. O país não pode ficar imobilizado socialmente, ele tem que ser liberado, preservando a camada da população que tem maior risco de contaminação. Mesmo porque, se continuar todo mundo em casa, vai todo mundo pegar gripe. Não tem como não se contaminar. Mais cedo ou mais tarde vão se contaminando. A Itália, por exemplo, está passando pelo seu pior momento, mas na minha visão, dentro de 30 dias, não tem mais nada lá na Itália, porque já contaminou, matou quem tinha que matar e está todo mundo imune. Nós já passamos pela Influenza e outras gripes que estão aí. Esta a que está chegando agora é mais ou menos a mesma coisa. Ela vai chegar, se instalar e vai passar. 

 

O que levou a esse pânico? Foi a reação da China ao fechar uma cidade inteira?

O pânico veio principalmente porque a comunicação hoje é muito rápida, as coisas se espalham com uma velocidade muito rápida pela internet, os apps, a globalização. O modo de se comunicar hoje é muito rápido. Há 20, 30 anos, quando não havia celular, a comunicação era pelos meios de comunicação, imprensa escrita e falada tinha muita importância. Hoje não. Hoje é pelo celular.

 

O mercado financeiro também reagiu muito fortemente a essa pandemia?

O pânico dos investidores é algo que assusta o meio financeiro. Mas de 80% da população não tem acesso. O pânico no mercado financeiro vem da insegurança das pessoas, da necessidade de preservar a sua poupança, o seu dinheiro, a sua aplicação. Quando se tem esse efeito manada, em que tudo mundo quer entrar ou sair, tem essas situações de mercado loucas. Acredito que dentro de seis meses as coisas terão voltado ao normal.

 

O país aguenta esse tempo todo parado?

Não. Parado não. Com certeza o país não aguenta 90 dias. Por isso a solução é liberar a população para trabalhar, continuar a vida normal, porque o país não suporta 30 dias do jeito em que está. Imagina 600 shoppings fechados no Brasil? Você imagina 30 milhões de autônomos, pessoas que não entram na estatística dos desempregados, porque eles têm atividade pessoal, como é que essas pessoas vão viver? Imagina passar dos 10, 12 milhões de desempregados para 20, 30 milhões de desempregados? Isso não pode acontecer. O caos social, o mal que pode trazer é muito maior do que as vítimas do coronavirus. A consequência é muito pior.

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