O PDT passa por um momento tenso devido as desavenças dos irmãos Ciro e Cid Gomes, que perdeu 43 prefeitos de uma só vez no Ceará- e que parece guardar ainda mais tensões para os próximos dias. Para o presidente do PDT em Minas, deputado federal Mario Heringer (foto/reprodução internet), essa briga não afetou os outros estados, mas o Ceará era onde o partido estava mais forte. Agora, é pensar nas eleições municipais e esperar, segundo o parlamentar, que o equilíbrio volte à principal liderança política do partido.
O clima está quente no PDT, como essa briga da família Gomes está afetando o partido?
O PDT, de uma maneira geral, está até bem. Agora essa briga é um desconforto muito grande para o partido no Ceará. Porque o Ceará é o estado onde o PDT tem a maior bancada e a chance de perder grande parte dessa bancada é grande. É uma briga muito familiar. É difícil entrar em uma relação de irmãos. É muito emocional. O que o PDT espera? Espera. Mas não sabe o que vai acontecer. Um pouquinho de juízo para que se chegue a um ponto de equilíbrio. Mas é difícil. Muito difícil.
Essa briga contamina o partido nos estados?
Não, nos outros, não. É um movimento de força no Ceará. Mas nos outros estados, está pacificado. E nos outros estados a posição é em favor do Ciro, não de Cid, entendeu. Do ponto de vista da unidade partidária, nós não temos unidade de 100% porque falta o Ceará. Mas nos outros está tranquilo.
A liderança do Ciro não está abalada nesse caso?
Nos outros estados, de jeito nenhum.
Para Belo Horizonte, o PDT tem um projeto bem audacioso, não é?
Nós estamos com o projeto para o ano que vem em várias cidades, inclusive nas que têm segundo turno. Claro que estamos trabalhando em todas, mas com foco especial em cidades de segundo turno forte, até porque nós estamos focando também na eleição de 2026 e a eleição municipal é um preparatório. Em Belo Horizonte nós temos uma candidata, que aparece nas pesquisas que é a Duda. Ela é a nossa candidata em Belo Horizonte e vamos trabalhar até onde ela quiser, porque nós vamos apoiar a posição dela. Em Montes Claros, nós temos o Délio, que foi candidato a deputado e teve 40 mil votos e está muito bem lá, está muito bem avaliado na cidade e ele também pode ser o nosso candidato a prefeito. Nas outras cidades maiores, estamos fazendo composições com partidos para termos vice-prefeito, para fazer boas bancadas de vereadores .
O PDT está trabalhando com uma meta nas eleições municipais, de chegar a quantos prefeitos?
Nós estamos hoje com quase 40 prefeitos. Como prefeito não tem problema para trocar de partido, então é entra prefeito, sai prefeito. Não tem a questão da fidelidade para eles. É, mas o nosso objetivo é tentar dobrar essa bancada e não é difícil, porque nós já tivemos 60 prefeitos no passado. E, por incrível que pareça, está bom para nós. Se conseguirmos executar o nosso projeto para crescer e até dobrar, porque o PDT virou um partido que não é governo, apesar de estar no governo, nem é um partido que está na oposição. Tem muito candidato que não quer estar na polarização. E um espaço que eles estão achando é no PDT. Nas duas últimas semanas, conversei com mais de 20 prefeitos , que vão para a reeleição, que estão sondando a gente para mudar de partido, para vir para a gente. Nós não vamos abrir a porta para todo mundo, não é simples assim. Tem que ter um mínimo de vínculo ideológico. Essa estrutura toda que a gente está trabalhando, visa a eleição de 2026. Se eu conseguir, pretendo ser candidato ao Senado. Estou trabalhando desde já para ser um dos candidatos ao Senado. Na próxima eleição, serão duas vagas ao Senado. Mas isso, não é exercício de vontade. Para sair deputado, você escolhe dentro do seu partido e sai. Para o Senado tem que compor, primeiro dentro do partido e depois tem que mexer com outros partidos, arrumar as composições de governo, vice nas chapas. Fortalecendo a legenda, fortalecemos o partido e a minha candidatura.
Como o partido vai trabalhar, com políticos tão cabeça quente? Como Ciro Gomes pode ajudar?
Nos estados, ele ajuda muito, apesar da votação dele ter caído bastante. O Ciro é que se prejudicou, porque ele escolheu uma linha de comportamento eleitoral que acabou tirando votos dele nos dois lados. Mas depois da eleição, o equilíbrio pode voltar e ele pode nos ajudar muito nos outros estados. Mas no nível federal vai ser complicado. Em 2026, nós temos que esperar para ver como é que vai ser.
Como o PDT está? A reforma tributária voltou para a Câmara e as mudanças feitas no Senado estão sendo muito questionadas pelos governadores do sul e sudeste. Como é que o partido vai fazer?
Nós temos marcado para terça-feira, uma reunião de bancada para estudar as modificações que foram feitas no Senado. Nosso pessoal técnico já está se debruçando sobre as modificações. Vamos receber uma avaliação do nosso corpo técnico, do que foi feito, onde é que está mexendo, o que pode ser modificado. Nós vamos, com essa análise, fazer nosso fechamento de consenso em algumas posições. Em outras posições, até dentro do próprio PDT, poderá não ocorrer consenso e vamos votar separado. Na proposta da Câmara, nós votamos fechados. Agora é o segundo momento, que tem outras alterações sendo feitas e que precisamos avaliar.