O país aos poucos começa a sair do fundo do poço, segundo o diretor da Picchioni- Câmbio e Investimentos, Celso Picchioni (foto). Essa lentidão justifica, inclusive, a decisão do Conselho de Política Monetária (Copom), de manter a taxa de juros em 14,25%. Mas para o empresário, mesmo com a melhora no otimismo, o momento é de manter atitudes mais conservadoras, mesmo porque não é só o Brasil que passa por um momento de crise. O mundo inteiro passa por momentos de dificuldades, muitos deles devido aos ataques terroristas promovidos pelo Estado Islâmico, que chegou a encontrar simpatizantes também no Brasil.
O fato do Copom ter mantido as taxas altas de juros beneficia quem opera com dólar?
Não é uma questão de ser bom ou ruim. A questão é que nós estamos vivendo uma realidade em que o Copom realmente não podia baixar as taxas de juros por causa da inflação. O governo está tentando conter a inflação. O mercado de câmbio, de moedas estrangeiras, está trabalhando livremente. E eu acredito que não só o dólar, como também a taxa de juros, tendem a baixar, porque nós estamos, agora, começando a sair da crise. Tem a volta da credibilidade, o pessoal está se movimentando, tem muito investidor estrangeiro que só está esperando a hora certa para voltar a investir. Na minha opinião, nós estamos começando a sair do fundo do poço, isso é certo.
Mas tem muita gente reclamando que viajar para fora do país está muito caro.
O dólar oscila muito. Da mesma forma que a vigem internacional fica cara porque tem uma demanda de viajantes, o que vale é a lei da oferta e da demanda. O mundo capitalista é assim. Se o dólar subir, poucos empresários vão baixar os preços. Ele tem oferta de demanda e de mercado.
O Brasil nesse caso está bom para esse segmento do mercado?
Ao contrário. As vendas caíram em relação a viagens, as pessoas estão viajando menos, tem os que fazem do dólar como margem de segurança, como um porto seguro para aplicação. Mas tem aplicação hoje que está rendendo 14,5% ao ano. Normalmente as pessoas dividem os investimentos, fazem uma cesta de investimentos para segurar a situação neste momento.
Nesse momento que tipo de investimento o senhor aconselharia?
Para quem não quer arriscar, eu particularmente não arrisco, é colocar o dinheiro em fundos de renda fixa, em Letras do Tesouro e em fundos conservadores, que não tem altos e baixos. Fundo de ação é só para quem sabe, conhece. Nesse tipo de aplicação a pessoa pode ganhar muito ou perder, além de se arriscar mais. Eu gosto de dividir os investimentos em um terço em imóvel, um terço em investimentos de menos risco e se a pessoa achar que deve ter um pouco de moeda estrangeira para uma emergência, é por aí o caminho.
O momento ainda é para ser conservador?
Não tem a menor dúvida. Quem podia imaginar que o que aconteceu na França, iria acontecer? Quem imaginaria o que aconteceu na Alemanha? O que aconteceu na Turquia? A situação está muito louca. No Brasil prenderam aqueles terroristas, quem poderia imagina que esse tipo de coisa poderia acontecer aqui no país? O momento é de ser conservador porque a situação está difícil não só no Brasil. No mundo inteiro as coisas estão mudando. Quem iria imaginar que a Inglaterra iria sair da zona do Euro? E saiu. É preciso esperar para que as coisas se normalizem para que na próxima década, ver que rumo nós devemos tomar.
As Olimpíadas também já vão começar e alguns jogos serão realizados em Belo Horizonte, o que significa mais turistas. As casas de câmbio estão preparadas para atender a essa demanda?
Tranquilamente. Nós temos shoppings, com praças de alimentação, lojas, são locais seguros e se os turistas vierem com dólar, euro, libra, qualquer moeda, nós estamos preparados para atendê-los. Nas casas de câmbio o turista vai ver o preço de compra e de venda. Nós estamos em todos os pontos: Betim, Contagem e em todos os shoppings de Belo Horizonte.