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Pandemia e política

Paulo César de Oliveira
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A pandemia da Covid 19 foi um desafio para todos os gestores no mundo. Alguns conseguiram passar por ela com sequelas menores, como foi o caso do prefeito de Betim, Vittorio Medioli (foto). As dificuldades inesperadas foram vencidas com ações que deram resultado positivo. Essa maneira de administrar colocou Medioli como um dos nomes para a disputa ao governo de Minas em 2022. Mas ele garante que fica no cargo até o final de seu mandato em 2024.   

Como tem sido o desafio de vencer a pandemia?   

A pandemia colocou todos nós à prova. Foram dificuldades inesperadas, situações que nunca ninguém imaginou. Em Betim, conseguimos sempre tomar as medidas de forma rápida e correta para conter as consequências da pandemia. Betim também foi o primeiro município a conseguir vacinar crianças de 12 a 17 anos, até a Justiça nos impedir e interromper a vacinação. Os portadores de comorbidades de 12 a 17 anos foram os primeiros. É preciso ter muita atenção  com a educação. Crianças e famílias carentes por dois anos sem escola, é um prejuízo incalculável, e essa (vacinação) foi uma medida para atenuar essa situação. Inclusive, Betim foi o primeiro município no Brasil a montar um centro de atendimento ao sistema educacional para controle da pandemia. Instituímos sete equipes que se deslocam até as casas dos alunos, dos professores dos trabalhadores do sistema de saúde ao menor sintoma. Aplica-se o teste rápido e em 15 minutos, com o exame que coloca o cotonete no nariz, em 15, 20 minutos tem o resultado e as medidas são tomadas de imediato, caso haja algum problema. Em três dias de funcionamento a equipe atendeu a 83 chamadas domiciliares, aplicou 18 testes e os 18 deram negativo. Isso significa também que a pandemia está regredindo aceleradamente.   

O senhor falou na Justiça interromper a vacinação mas a Justiça interferiu nas decisões de vários municípios. Como o senhor avalia essa interferência?   

Nós temos uma Constituição e o artigo 227 manda priorizar o atendimento em saúde aos adolescentes. Os primeiros que deveriam ter sido vacinados deveriam ter sido os adolescentes. A partir do momento em que foi aprovada uma vacina pela Pfizer para os que estão abaixo de 18 anos, na faixa de 12 a 17 anos, os de 18 já estão incluídos, a Constituição deveria colocá-los na frente, mas a Justiça os colocou para trás. Nós recorremos aos tribunais superiores, mas eles ainda não se pronunciaram. Nós estamos aguardando, mas o texto da Constituição, em seu artigo 227 fala em prioridade acima de quaisquer outros grupos.   

O governo federal tem sido muito criticado em relação as ações durante a pandemia. O governo errou nesse processo, inclusive na vacinação?   

O governo foi ágil. Estamos esperando para a semana que vem a vacina para os menores de 18 anos. As frases do presidente são polêmicas e o meio político deveria unir forças, apesar das divergências com as opiniões, deveriam unir forças, mas aproveitaram a pandemia para desencadear um processo sucessório eleitoral e isso é lastimável. São os políticos que nós temos. Gasta-se mais tempo polemizando para matar um ao outro politicamente, do que propor alguma coisa decente.   

É isso que está acontecendo também em relação a essa briga entre o presidente Jair Bolsonaro e os ministros do Supremo?   

A Constituição fala que cada um tem que cumprir o seu papel. Mas acho que os papéis estão trocados. Há um avanço do Poder Judiciário em cima do Legislativo e do Executivo. O Judiciário é o guardião das leis, quem faz leis é o Legislativo, com participação do Executivo e aí há uma briga para se empoderar.   

O presidente Jair Bolsonaro vê inimigos por todos os lados. A tendência é de um acirramento ainda maior daqui para frente, inclusive em relação as polêmicas com os militares que estão no governo?   

Em todos os governos sempre teve a participação do Exército, que tem quadros qualificados. Não vejo um problema. Tiveram outros governos que usaram quadros do Exército. Não consigo fazer uma crítica a isso. Militarizar, seria armar o governo e se existem quadros técnicos não é militarizar. Colocar quadros que são respeitados e que têm experiência.   

As comemorações de 7 de Setembro estão chegando e falam em muitas manifestações nesse dia. O senhor acredita em mais tensão pela frente?   

Decerto haverá, devido a imaturidade do Brasil como nação. O Brasil é uma nação jovem e não capta ideias mais complexas. É tudo muito imediatista. Vestem muito a esquerda e a direita se levanta. A direita se fortaleceu e está ressuscitando a esquerda que tinha sido acamada. É lamentável as posições radicais e extremas, enquanto as melhores posições estão no meio, conciliando um lado e o outro.   

O nome do senhor é citado como um potencial candidato ao governo de Minas. Esse é o projeto político do senhor?   

Agradeço aos que reconhecem que tenho capacidade, mas continuo prefeito.   

E o Senado ou a disputa para deputado federal?   

Sou prefeito, tenho um mandato que termina em 2024. Se ninguém me colocar para fora, fico na prefeitura até 2024.   

Como o senhor analisa os nomes para a disputa em Minas?   

Os dois principais candidatos têm pouca experiência política, no caso de Zema e Kalil. O Zema tem que operacionalizar mais o governo dele. Aí sim ele seria imbatível. Agora, ele tem um governo em que as decisões não se transformam em medidas efetivas. Do outro lado Kalil tem posições radicais, que espantam o meio político e uma parte do eleitorado, mas tem carisma. Uma eleição se decide nas urnas. Vamos ver como será. É uma disputa que será um pouco fora do normal, com invasão nas redes sociais e discursos estranhos, meio radicalizados.   

As redes sociais serão mais uma vez as protagonistas?   

Sim, e infelizmente elas tiram o foco dos programas, dos projetos. As pessoas vão votar nos que parecem ser os mais agradáveis, mas se esquecem dos projetos, do que farão na saúde, na educação, para reduzir a dívida, para melhorar a infraestrutura, geração de emprego. É isso que é importante saber, mais do que a bicada de um com o outro. (Foto reprodução internet)

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