Grandes e pequenas construtoras, empresas da construção pesada, têm pagado um alto preço pela desaceleração da economia. O presidente Temer chegou a anunciar a retomada de obras paralisadas para movimentar a economia, mas a retomada tem sido muito lenta e insuficiente para tirar o setor do fundo do poço. O presidente do Sicepot MG, Emir Cadar Filho (foto), diz que essa queda vem acontecendo desde 2013 e a perda acumulada vem tendo um efeito devastador nas empresas, que consideram 2016 um ano caótico. O empresário entende que é preciso deixar o presidente trabalhar para que, em 2017, ocorra o início da retomada da economia.
Como foi 2016 para a construção pesada?
Para a construção pesada 2016 foi um ano caótico. Eu acho que nós temos que olhar para frente sempre, mas 2016 é um ano para ser esquecido. Foi um ano sem investimentos, foi um ano de perdas, de sucateamento do nosso pátio de máquinas, mas temos que sempre vislumbrar uma coisa melhor para frente. Eu falo que 2016 não vai deixar saudades em ninguém.
O setor tinha alguma expectativa quando o governo anunciou a retomada de algumas obras paralisadas. A retomada não foi da forma anunciada?
Nós tínhamos uma expectativa realmente, foram retomadas algumas obras, mas não evoluiu. Foram retomadas muito poucas obras. Nós esperávamos que fosse o recomeço, que fossem retomar 15, depois 20 obras, depois 30, 50, mas parou por falta de dinheiro. Nós assistimos o governo de Minas anunciando a calamidade financeira e isso não é um bom indicativo. Essa retomada das obras não evoluiu e isso acabou prejudicando ainda mais o nosso setor.
O governo federal e o estado não estão investindo em obras?
A falta de investimentos em infraestrutura é geral, tanto o município, o estado e o governo federal pararam de investir. Até as obras particulares que a gente trabalhava não estão tendo investimento. Sem sombra de dúvida este é o momento mais crítico da engenharia nacional.
O fato de o governador Fernando Pimentel ter decretado calamidade administrativa significa que 2017 também será um ano difícil?
É difícil avaliar isso agora, porque nossos investimentos normalmente são por financiamento de bancos estrangeiros, ou do BNDES. Nós não sabemos em que essa decisão afeta na parte de conseguir financiamento. Com dinheiro do próprio caixa nós não contamos para investimentos. Esse recurso será todo usado para pagamento da folha e compromissos do governo dos quais ele não pode sair fora.
O setor terminou 2016 com uma queda de quanto?
Na verdade, essa queda vem se acumulando. Em 2013 nós perdemos 30%, depois perdemos mais 20%. Isso vai se acumulando. Mas hoje, com certeza, nós estamos trabalhando com 60% de queda em postos de trabalho, em arrecadação.
O presidente Michel Temer decepcionou?
Não, eu acho que ele é um lutador. Ele está tentando colocar um país totalmente fora do rumo, nos trilhos novamente. Ele tomou algumas atitudes corretas e acho que ele está tentando. Nós não podemos sacrifica-lo, nós temos que apoiá-lo porque ele é o nosso presidente e temos que torcer para dar tudo certo com ele.
Para 2017, quais são as expectativas?
Superar a queda, não temos jeito de superar mais. Nós estamos realmente no fundo do poço. Nós esperamos que haja uma retomada, nem que seja pequena, de 10% de um quadro de perda de 60%. Ou seja, melhorar um pouco o que já está muito ruim. Nós demitimos quase 70 mil pessoas no estado, nesse período. Queremos retomar um pouco os postos de trabalho. A vantagem da engenharia é esta, nós retomamos rápido. Assim que nós somos demandados, contratamos muito rápido.
Será uma fase de recomposição?
Será mais um ano de sobrevivência para esperar por uma coisa melhor. Mas espero que seja o ano do começo da recuperação. Pelo menos isso.