Blog do PCO

Paulo Paiva: Os desafios do próximo presidente

Paulo César de Oliveira
COMPARTILHE

O brasileiro vai às urnas hoje, certo de que independente de quem assumir a presidência da República, terá muitas dificuldades pela frente. O ex-ministro e professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Paiva (foto), cita pelo menos dois desses desafios: o de manter o estado democrático de direito e o equilíbrio fiscal.

Quais os principais desafios que o próximo presidente terá?

Primeiro, do ponto de vista político, é não romper com a democracia. Segundo, do ponto de vista econômico, o grande desafio é equilibrar o desequilíbrio fiscal com as demandas sociais. O próximo presidente vai receber um orçamento bastante desequilibrado. Eu cito na minha coluna um verso do Paulo Vanzolini, que diz que “os pecados domingo quem paga é a segunda-feira”. Gastam dinheiro rompendo limites, transferem para o Congresso Nacional o controle dos recursos. Essa farra vai cobrar um preço.

Um preço alto?

Um preço alto, que vem com um desequilíbrio interno muito grande. Esses, para mim, são os principais desafios. De um lado, manter a democracia e manter o orçamento. No mundo, estamos dependendo do Putin. Estamos na iminência de uma guerra nuclear. Estamos olhando para o que o Bolsonaro fala, mas o Putin está colocando o planeta em risco. A situação na Ucrânia não é brincadeira e o custo que será pago na Europa vai ser grande por causa da falta de gás, a questão da energia. Nós temos no mundo uma situação geopolítica complicada e há evidências de que a economia ocidental entrará em um período de recessão. De um lado haverá medidas de ajuste fiscal tanto na Europa, quanto nos Estados Unidos, combinado com a crise na União Europeia.

Por que que o Brasil não conseguiu escapar dessa polarização Lula e Bolsonaro?

Do ponto de vista Internacional, quando olhamos para fora do país, vemos o avanço da direita e temos que levar isso em consideração, porque o Brasil não está sozinho. Nós somos vítimas, do ponto de global, de um processo que acontece no mundo, que é conhecido pelos especialistas como recessão democrática, que é o seguinte: vários países europeus, principalmente, entraram em um processo de radicalismo de direita, como é o caso que tivemos na Polônia, na Hungria e na Itália agora. Isso tudo resulta de uma insatisfação, de uma desconexão entre o mundo político e a situação real das pessoas. Não é só um problema com a esquerda. As pessoas chegaram ao poder pelo voto direto e quando chegam lá se distanciam da população. É uma desconexão entre a representação e o representado. São processos complexos que acontecem no mundo e, aqui no Brasil, essa questão foi acentuada porque nós criamos o governo PT, que gerou Bolsonaro e o bolsonarismo, que por sua vez, reviveu o lulopetismo. Um alimenta o outro. Nós não conseguimos romper essa polarização e pela primeira vez no Brasil, nós temos dois presidentes, um ex-presidentes e o atual presidente na disputa, um da esquerda e o outro da extrema direita. (Foto reprodução internet)

COMPARTILHE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

News do PCO

Preencha seus dados e receba nossa news diariamente pelo seu e-mail.