O juiz federal Sérgio Moro, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal têm apresentado ao país, quase que diariamente, informações de desvios de recursos, de envolvimento de empresários, políticos e partidos em uma série de irregularidades em números jamais vistos antes. Como consequência dessa situação, a presidente Dilma viu a sua base de apoio ruir e o principal partido aliado da sua base, o PMDB, passar a ditar as regras, a maioria delas desfavoráveis ao governo, no Congresso Nacional. A oposição ainda não conseguiu entender bem o seu papel nesse processo. Mas tem pretensões claras de retornar ao Palácio do Planalto. O PSDB que vinha apostando todas as suas fichas no senador Aécio Neves, começa a visualizar movimentos de aliados do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que termina o seu mandato em 2018, sonhando com Brasília. Em Minas Gerais, enquanto a base de Aécio tenta se manter unida, líderes do partido tentam entender todos esses movimentos, como é o caso do deputado estadual João Leite (foto) que trata do assunto nesta entrevista.
Deputado, como fica a situação no PSDB com toda essa confusão no país?
O problema agora é que começamos com uma disputa interna entre São Paulo e Minas Gerais. Mas acredito que não vai ser simplesmente São Paulo contra Minas Gerais. Será São Paulo, contra grande parte do país. Porque por mais que o Alckmin esteja governando e demonstrando que não quer uma briga com a Dilma e com o PT, o povo não está aguentando mais. Isso é de A a Z. Da elite ao trabalhador que está capinando, ninguém aguenta mais o governo do PT. No dia 16 (dia marcado para um protesto contra o governo Dilma pelas redes sociais), o Aécio terá uma grande oportunidade para aparecer.
O sr está acreditando nesta manifestação?
Muito. Nesta crise nasceram algumas coisas que eu nem imaginava, como o movimento dos Patriotas, Brava Gente, Vem pra Rua, Revoltados On Line. Só para exemplificar o que está acontecendo no país: um pastor me ligou um dia desses para me falar que tem um trio elétrico, que é usado para evangelizar. Ele nunca permitiu usar esse trio elétrico para a política e não só vai permitir a participação dos políticos no domingo como vai participar da manifestação no domingo (16), na praça da Liberdade.
A partidarização do movimento não pode espantar as pessoas?
Não acredito. As pessoas estão querendo os políticos se envolvendo agora. O que podemos observar na história do Brasil é que quando os movimentos não têm a participação dos partidos, eles enfraquecem. Os partidos têm uma contribuição a dar e vão ser cobrados pelo cidadão.
Como oposição vai se organizar para tirar proveito da situação?
Não tem ganho. Ninguém ganha em uma situação como esta. O que precisamos fazer, o que o Brasil tem que fazer é o dever de casa. Há uma tristeza no país. As pessoas estão entristecidas. Para se ter uma ideia do que está acontecendo no país, é só ir aos gabinetes dos deputados e ver o tanto de currículo que chega todos os dias. O Brasil viveu um momento de pleno emprego e agora passamos por isso. O que a oposição tem que fazer neste momento é não deixar que a justiça esqueça, que o brasileiro esqueça, que um partido que se autoproclamou como um vestal, íntegro e honesto, roubou o país.