Ambientalistas, empresários e governo precisam encontrar um caminho para unir desenvolvimento e sustentabilidade, segundo o gerente de Meio Ambiente do Sistema Fiemg e vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Wagner Soares Costa (foto). Dados apresentados por ele, na Assembleia Legislativa, indicam que a atividade de mineração ocupa menos de 2% do território do estado e que as mineradoras reutilizam 80% de sua água. Existem três minerodutos operando em Minas Gerais e apenas 8% do volume de minério de ferro produzido no estado é transportado por essa via. Além disso, 30% do total transportado pelos minerodutos são de água e, “mesmo assim, que já circulou por todo o sistema de produção”, ou seja, reutilizada. Wagner Soares Costa disse que as obrigações das mineradoras incluem recompor a área minerada após o encerramento das atividades e recompor, no mínimo quatro vezes, a área de vegetação suprimida.
Qual o maior problema ambiental no estado?
O maior problema ambiental em Minas Gerais hoje é você ter uma política ambiental que seja inclusiva de todos os setores produtivos, inclusive protegendo o meio ambiente. Não se trata de ter um confronto, mas um encontro para uma melhor convivência de todos com a questão ambiental, com a questão social e com a questão econômica. Isso é desenvolvimento sustentável. Costumo dizer sempre que esta é uma relação perde-perde-perde-ganha, que quer dizer que o ambiental tem que perder um pouco, o social tem que perder um pouco, o econômico tem que perder um pouco para que os três ganhem. Se eu beneficiar só um, prejudico os dois outros. Tenho que ter um equilíbrio de ações para os três setores e não procurar ver quem é o culpado, mas qual é o benefício de todos, o social, o ambiental e o econômico.
Ambientalistas reclamam da degradação do meio ambiente. Os empresários reclamam que têm dificuldades em conseguir as licenças ambientais. O governo também enfrenta dificuldades em solucionar esses impasses?
Eu acho que tem que haver essas duas posições, em benefício da proteção e economia. O que não pode ter é você radicalizar na sua posição, não ouvir o outro, não entender outro e não buscar uma solução junto com o outro. Só agredir e puxar do lado contrário, não resolve o problema, só aumenta o confronto. Porque conflito não é confronto. Conflito é oportunidade de solução, se as partes envolvidas quiserem buscar a solução.
O Sr. é também do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Com a transposição, a expectativa era até de recuperar o rio, e os outros rios que deságuam no São Francisco. Como está esta situação?
Quando foram fazer a transposição, disseram que acoplado ao programa de transposição haveria o programa de revitalização. O que percebemos é que essa ideia de revitalização esgarçou no tempo em favor da transposição. A transposição estava prevista para um determinado nível de recurso e saltou para outro e foi drenado o recurso que era para a revitalização para a transposição. Nós ficamos a ver navios. Mas o Comitê se esforçou, buscou a participação no comitê diretivo da transposição e estamos lá tentando fazer ver a eles, que serão usuários da água do São Francisco no futuro, que precisam ter responsabilidade para com o futuro e com a revitalização do rio. Da mesma forma o Comitê da bacia tem tentado junto ao Ministério do Meio Ambiente a criação do Comitê da revitalização, que está parado na gaveta da ministra há dois anos, para no futuro entrar em um acordo, discutir o tema e fazer com que a coisa aconteça.