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Vender subsidiária, o caminho para a sobrevivência da Cemig

Paulo César de Oliveira
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A Cemig precisa captar R$ 21 bilhões rapidamente para não ser inviabilizada. Se conseguir estes bilhões, terá condições, inclusive, de segurar as suas três usinas programadas para irem a leilão entre 2023/25. Se perder estas usinas “vai para o buraco”, adverte Cledorvino Belini, presidente da estatal. A companhia precisa de recursos também para um ousado programa de geração de energia alternativa, com a colocação de placas sobre suas represas, aproveitando assim a estrutura de transmissão já existente. Para segurar suas usinas e realizar investimentos em transmissão e distribuição, Belini diz que o caminho é privatizar a maior parte das 180 empresas que compõem o grupo. A primeira será a Light, anuncia Cledorvino Belini.

 

O senhor tem dito que algumas empresas ligadas à Cemig estão sendo preparadas para privatização. Quais são elas?

Nós temos várias empresas, a primeira que estamos trabalhando é a Light. Ela já está num processo avançado e pretendemos fazer a privatização por partes. É um caminho que está em andamento. A Renova é outra das empresas que têm possibilidades de vendermos. E outras empresas serão gradualmente preparadas.

 

São 180 empresas no grupo?

Temos 180 empresas, mas temos muitas PSH. Temos sociedade em algumas. Nós estamos descruzando os ativos para fazer aquilo que é de interesse da Cemig.

 

A Cemig tem interesse em privatizar mais a produção ou a distribuição? A Light é uma distribuidora?

A Light é uma distribuidora, mas não dá para investirmos lá e aqui. São empresas que drenaram recursos da CEMIG, mas não deram a contrapartida, o retorno adequado do investimento. Nós entendemos que com a privatização teremos a oportunidade de dar melhores condições à uma empresa, de fazer um upgrade muito grande na Light.

 

Vendendo estas subsidiárias, Minas atinge a meta do governo federal sem precisar vender especificamente a Cemig?

Nós temos esta dúvida. É uma dúvida. Não conheço o projeto do governo federal sobre este tema As subsidiárias já estavam no meio do caminho. Não é uma coisa nova e por isso estamos adiantados com a Light. Entendo que a possibilidade de privatizar estas empresas vai tirar um peso da Cemig e a Cemig vai ficar pura. Quanto a privatização da Cemig, a minha experiência da iniciativa privada mostra a agilidade, rapidez, eficiência, eficácia que a empresa ganhará numa velocidade muito grande. Uma companhia mista tem obrigações e controle do estado. Consequentemente ela fica lenta. Esta é a questão. Como tornar uma empresa estatal como a da iniciativa privada? Os concorrentes que estão chegando aqui em Minas são privados , como é que nós vamos ser competitivos? Como vamos fazer os investimentos? Nós temos que fazer R$ 21 bilhões de investimentos.

 

Onde?

Na distribuição principalmente. Na zona rural, na transmissão, na energia alternativa. Tudo isto nós precisamos fazer investimentos e não temos dinheiro para isto. O Estado também não tem. Qual é a solução. Ficar neste marasmo?

 

O senhor vem da iniciativa privada, de uma empresa como a Fiat. Como é sair da Fiat e pegar uma estatal com engrenagem lenta?

A engrenagem é lenta. Então tem um modelo que a gente fica o tempo todo pressionando. Mas todos os tempos têm que ser respeitado. Para eu comprar um lápis ou comprar um transformador de R$ 50 milhões, o processo é o mesmo. Tem que fazer edital, concorrência, licitação. Aí o segundo colocado faz impugnação. Este é o modelo estatal e dificilmente vai se conseguir um modelo estatal com agilidade. Não dando agilidade o grande risco é o dos concorrentes chegarem. Perdemos quatro usinas recentemente porque o Estado não teve condições de comprar a outorga e tivemos que entregar estas usinas. Agora teremos mais três em 2024/25. O que nós vamos fazer para segurar as usinas?

 

A Cemig não em dinheiro para comprar estas usinas?

Faz parte dos R$ 21 bilhões que precisamos investir. Corremos o risco de ficarmos sem mais três usinas que respondem por 70% da nossa capacidade de geração.

 

Este modelo de grandes usinas está esgotado?

Não, não está, mas a regulamentação do meio ambiente hoje impede. Então temos que buscar energia alternativa. Estamos estudando, por exemplo, colocar placas solares em cima das represas. Por que?  Porque já temos toda a ligação da transmissão e tudo fica mais fácil.

 

Dobra a capacidade de produção?

Não dobra, mas ajuda. Hoje a nossa produção são 6 Giga watts e nós queremos fazer mais um giga de energia solar até 2025.

 

A Cemig tem capacidade de atender o crescimento da demanda, caso haja crescimento da economia?

Se o crescimento econômico for entre 3 e 5% não tem capacidade nos próximos cinco anos.

 

Caso a Cemig perca mais estas usinas ela fica inviável?

Vai para o buraco. Perde sua capacidade de geração de caixa.

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