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A hora é de profissionais

Paulo César de Oliveira
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Tancredo Neves (foto), quando em agosto de 1984, renunciou ao mandato de governador de Minas para, em janeiro de 85, disputar a presidência da República no Colégio Eleitoral, em conversa informal com este reporter comentou o andamento da campanha de seu adversário Paulo Maluf com uma observação: “a hora agora é de profissionais”. E foi. Tancredo, junto com seu fiel parceiro Hélio Garcia, conseguiu fechar acordos tidos como impossíveis, desmoronaram, com a ajuda de Aureliano Chaves, o esquema que sustentava Maluf e venceu no Colégio Eleitoral. Quis o destino que Tancredo não chegasse a assumir a presidência. Assumiu Sarney que se sustentou com a ajuda do centrão, o mesmo que hoje sustenta Bolsonaro e que foi montado para mudar os rumos da Constituinte, que se mostrava com um jeitão de esquerda. Esta introdução, que pode ter ficado maior do que o necessário, é para comentar que está faltando profissionais nesta disputa eleitoral que se desenha para 2022. Até aqui quem anda trabalhando com profissionalismo, embora se possa condenar seus métodos, é Bolsonaro. Um velho amigo dizia que “a vida é peito e posse, ninguém entende nada de nada” e, assim que o presidente tem agido. Vai em frente, em linha reta, desconhecendo os possíveis obstáculos, passando por cima do que se apresenta como adversário e mais até, atropelando suas próprias convicções políticas que, se verdadeiras ou não, foram as que lhe asseguraram a vitória em 2018. Outra característica do presidente que deixa atônitos seus adversários e deslumbrados seus aliados, é sua naturalidade, é seu jogo de cintura para flexibilizar posicionamentos e transferir para outros suas culpas. Este comportamento é constante no trato dos assuntos relacionados com a pandemia. Bolsonaro tem sempre na ponta da língua uma resposta ou um culpado- não raramente a imprensa- para se desculpar pela incompetência de seu governo. Na verdade, se mal comparando, o capitão faz lembrar em muitos momentos a raposa Paulo Maluf que não mudava de cor para mudar de posições. Maluf teve o azar de encontrar pela frente raposões como Tancredo, Ulisses e outros. E Bolsonaro, o que tem tido pela frente? Adversários que mais parecem jovens voluntariosos em reuniões de grêmios estudantis. Jovens que não conseguem articular suas posições e que se deixam atrair para o bate-boca em campo aberto onde o presidente, convenhamos, tem se mostrado mestre, até pelo seu estilo populista e pela falta de compromisso com um programa de governo que, pelo visto, pode ser qualquer um que o leve a um segundo mandato. A verdade é que até aqui a disputa está se dando num campo inteiramente favorável ao presidente que pode buscar na rima onde as oposições se digladiam o adversário que considerar ideal. Por enquanto este adversário é Lula que ainda acredita ter apelo popular para tentar voltar à presidência.

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