O que você enxerga quando se olha no espelho? Muitos não conseguem se ver de uma forma positiva e por isso procuram na cirurgia plástica uma solução para que a imagem refletida seja mais positiva. Esse o motivo que leva boa parte das mulheres ao consultório do médico Teófilo Taranto e de outros cirurgiões plásticos. Mas não é só a busca da auto aceitação que leva as pessoas ao consultório. O mercado de trabalho cada vez mais competitivo, também faz com que as pessoas busquem se “aperfeiçoar” esteticamente. Mas Teófilo Taranto (foto) lembra que a cirurgia plástica vai muito além da questão estética.
Quando a cirurgia plástica passa a ser uma necessidade para as pessoas?
Esse é um ramo da medicina que está associado ao bem-estar das pessoas. E é preciso pensar em associar o bem-estar físico, com o completo bem-estar psicológico também. Um completo bem-estar psicológico exige uma autoimagem positiva. A pessoa tem que gostar do que ela está vendo no espelho, tem que se identificar com a imagem dela mesmo. Quando isso não acontece, quando a pessoa não se identifica com a sua imagem, nega a própria imagem, falta à pessoa um completo bem-estar psicológico, necessário para estabelecer a saúde dessa pessoa e é onde a cirurgia plástica atua como um ramo da medicina, da cirurgia geral, que visa restaurar a saúde da pessoa, entendida como completo bem-estar físico e psicológico. Tem um ramo importantíssimo da cirurgia plástica, em que é muito evidente a restauração da saúde, que é a cirurgia reparadora. Pessoas com defeitos congênitos, pessoas com sequelas de queimaduras, com sequelas de cirurgias de câncer, como a mastectomia, em que a cirurgia ajuda recuperando de uma maneira mais clara a saúde da pessoa, da relação dela com o espelho.
A internet tem influenciado na percepção da estética. O que as pessoas buscam em termos de padrão de beleza?
Não tem dúvida de que com a internet as imagens são difundidas rapidamente. Mas hoje o padrão de beleza é muito claro: a pessoa magra, com musculatura levemente definida e, no padrão brasileiro, que mudou muito recentemente, que é em relação as mamas. Hoje, o padrão brasileiro pressupõe mamas maiores, uma coisa que não acontecia antigamente. A pessoa dita “sarada”, é a pessoa magra, com musculatura definida e mamas um pouco maiores.
Para se manterem no mercado de trabalho as pessoas precisam estar com uma aparência jovial. Existe essa procura nos consultórios para se adequar ao mercado?
Sem dúvida nenhuma. Em igualdade de condições, o jovem, o magro e o mais bonito levam vantagem. É lógico que a competência está acima de tudo. Por isso é muito comum ver nos consultórios de cirurgiões plásticos executivos e empresários procurando os recursos nessa área.
Antes os consultórios eram dominados pela procura das mulheres. Atualmente a procura é igual ou próxima?
Não, ainda não. A predominância na minha clínica é do sexo feminino, com a ressalva de que não faço transplante de cabelo, o que aumentaria a proporção de homens. Na minha clínica a proporção é de 90% mulheres e apenas 10% homens.
Denúncias de profissionais não qualificados atuando na área de cirurgia plástica, causando sérios danos, inclusive com mortes. Como diferenciar um profissional de um charlatão?
O que vemos aí são muitas pessoas inteiramente despreparadas fazendo cirurgia plástica. O critério inquestionável é verificar se o médico é ligado à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Ela tem serviços de informação de especialistas credenciados, com grande rigor na seleção, na prova final para conferir o título de especialista em cirurgia plástica. Se o médico é ligado `à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a pessoa pode ter certeza que esse médico teve a formação completa, incluindo a cirurgia geral, que é o primeiro passo. Depois de concluída a residência geral, o médico faz três anos de especialização em cirurgia plástica e aí sim, ele estará habilitado para iniciar as atividades dele. É um critério muito importante, que é verificar se esse profissional está qualificado.
Como o mercado brasileiro se enquadra no mercado mundial no setor da cirurgia plástica?
Nós somos o segundo mercado, mas, infelizmente a China está chegando. A cirurgia plástica lá tem aumentado muito e, como em todos os setores, a China está passando na frente de todo mundo. Atualmente primeiro temos os Estados Unidos e em segundo, o Brasil.
Essa necessidade do brasileiro em estar bem esteticamente, mesmo com a crise econômica e com o desemprego, mostra que essa é uma prioridade?
É que quando a pessoa que não se identifica com a própria imagem, aquilo torna-se um transtorno psicológico diuturno para ela. Ela está sempre preocupada com aquilo, sempre com autoimagem negativa, que traz grande sofrimento. E não, é verdade, apesar da crise, a questão é tão importante para a pessoa que ela enfrenta os maiores problemas e faz a cirurgia plástica.
Essa pessoa que tem esse tipo de transtorno não corre o risco de nunca estar satisfeita com o que ela vê no espelho?
Aí entra a questão do transtorno dismórfico corporal, que faz a pessoa com um problema mínimo ou, pior ainda, inexistente, procure a cirurgia plástica. É pessoa que nunca vai ficar satisfeita porque o problema dela não é com a autoimagem, é um problema psicológico, secundário, de uma imagem negativa. É um problema psicológico, muitas vezes psiquiátrico, que é somatizado em defeitos mínimos. Para essas pessoas, cabe ao cirurgião plástico, delicadamente, encaminhá-la para tratamento psiquiátrico. Isso acontece muito frequentemente.
Desde que a atriz Angelina Jolie fez o procedimento de retirada das mamas devido a problemas de câncer na família, o assunto veio à tona. Há uma procura por esse tipo de cirurgia?
Na verdade, isso é um grande avanço da medicina, no diagnóstico das condições genéticas que favorecem o aparecimento do câncer. A pessoa com vários familiares próximos com casos de câncer de mama, deve fazer a tipagem genética e se tiver realmente a indicação, fazer a mastectomia profilática, com reconstrução imediata.
A cirurgia plástica, atualmente, é mais acessível?
Muito mais. Hoje em dia, pelo número de especialistas que existem, credenciados para realizar a cirurgia plástica, a oferta do atendimento aumentou. É a lei do mercado: se a oferta aumenta, o preço baixa. Isso é ótimo, porque oferece condições de pessoas de que classe média tenham condições de usufruir do bem que a cirurgia plástica oferece. Mas, envelhecer faz parte. O cirurgião plástico não volta o relógio em nem um segundo. O que nós tratamos são as marcas trazidas pelo envelhecimento.