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A Vale enrola o Estado

Paulo César de Oliveira
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Hoje faz dois anos que, por omissão da Companhia Vale, o mundo assistiu ao desastre de Brumadinho onde o rompimento de uma barragem da empresa arrastou para a morte mais de 300 pessoas- onze corpos ainda não foram localizados – e provocou uma devastação ambiental considerada por especialistas como uma das maiores tragédias do mundo. A omissão da direção da Vale em Brumadinho ganha contornos de crime doloso por desprezo a vidas humanas e descaso com o meio ambiente, quando somamos a ele outro desastre ambiental e social, o rompimento da Barragem de Mariana, quatro anos antes, em 2015, quando apenas as mortes foram em menor número, mas nem por isto menos repugnantes. Fossem menos ambiciosos, socialmente mais responsáveis, os dirigentes da Vale – não culpem a empresa, pessoa jurídica, por desídia de pessoas físicas- teriam agido preventivamente em todas as suas barragens, evitando o segundo, e ainda mais grave desastre humano e ambiental. Passados os anos, a Vale, que para nós mineiros já foi Vale do Rio Doce, orgulho de todos nós, continua desrespeitando nosso povo e menosprezando a dor de suas vítimas demonstrando, como frisado pelo secretário Mateus Simões (foto), seu antagonismo com Minas Gerais, estado que é a base de sua história. Depois de matar mineiros, destruir sonhos de empreendedores, arrasando suas empresas e empreendimentos, devastando regiões de rara beleza natural e até mesmo deixando sem água de qualidade milhares de brasileiros, a empresa- não se esqueçam, seus diretores- age com incúria, deixando de assistir dignamente suas vítimas e protelando um acordo financeiro com o governo de Minas para indenizar pelos prejuízos causados aos mineiros, aos brasileiros e, mesmo à humanidade. Poderosa financeiramente e politicamente, a Vale usa uma legião de renomados advogados para protelar a assinatura de um acordo, que não está em leilão, já advertiu o secretário Simões, no valor de R$ 50 bilhões o necessário, segundo estudos técnicos, para repor os prejuízos, evidentemente excluídas as vidas, causados pela irresponsabilidade e incompetência. É com este recurso que o governo de Minas realizará as ações necessárias para restabelecer e melhorar serviços essenciais à população. A Vale, ou seus dirigentes, desconhece isto. Sabe que protelar, “empurrar com a barriga”, prática comum nos indignos, levará a questão para uma decisão judicial o que, sabemos todos, demorará anos e anos. Enquanto isto as vítimas, pessoas, meio ambiente, economia e a história de um povo, sofrerá. Uma dor que os insensíveis e gananciosos não conseguem medir.

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Comentários

  • Marly Narciso Lessa.

    25 de janeiro de 2021

    É difícil para nós, simples mortais , entender o que falta para os juízes baterem o martelo e cabar com esse vergonhoso processo da Valle evitando assim sua ida para o Judiciário .Deveria haver um meio de obriga-la a pagar esta indenização tão necessária para minimizar o sofrimento daqueles que que perderam seus entes queridos e o pouco que tinham de bens materiais. Não entendo de leis mas sim do que é justo!
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