A corrida da sucessão presidencial começa a ganhar contornos mais definitivos. A ausência de Lula no processo vai ficando cada dia mais evidente, assim como vai se formando a convicção de que, se obtiver registro, a candidatura dele tem poucas chances de vitória. Seu discurso de homem mais honesto da história do universo e de perseguido político, tem cada dia menos credibilidade, embora aqui e ali, ainda existam alguns fanáticos que atestam a sua inocência, mesmo sem conhecer o processo, ou até se disponham a cumprir parte da pena que for imposta ao petista. A previsível ausência de Lula abriu um enorme buraco no que se convencionou chamar de “campo das esquerdas”, por onde jorram supostos candidatos, gente sem a menor chance de levar adiante uma candidatura com o mínimo de viabilidade. Tudo caminha para que a candidatura deste campo acabe sendo a de Ciro Gomes, alçado à condição de esquerdista pelo seu discurso raivoso e de pouca consistência.
O chamado “campo da direita” já tem dono. O Capitão Bolsonaro cresce nas pesquisas e, embora para muitos tenha todo jeito de “cavalo paraguaio”, que arranca em primeiro para terminar em último, certamente, desde que a Justiça Eleitoral aceite seu registro, terá uma boa votação. É que até aqui tem conseguido atrair os votos dos descontentes com as figuras tradicionais da política. O capitão não é propriamente uma novidade na política. Está em seu sétimo mandato como deputado federal pelo Rio de Janeiro. O que o torna fato novo é o discurso de mão de ferro contra a violência e a corrupção. O Programa Nacional de Segurança Pública do presidente Temer pode acabar esvaziando este mote de campanha.
Enquanto esquerda e direita, até aqui, se apresentam com candidaturas chamadas no meio político de “biscoito polvilho”, com muito barulho e pouca consistência, o centro tem em Geraldo Alckmin a sua alternativa mais viável. O governador paulista se impôs dentro do PSDB e começa a controlar os descontentes, assegurando uma sólida sustentação partidária. Alckmin tem o perfil moderado que, ao contrário do que muitos apostam, pode conquistar o eleitorado que vai se cansando da guerra de palavras. Ao contrário dos que até aqui se apresentam como pré candidatos, o governador paulista tem o que mostrar. Sargenteou-se na política, como vereador, prefeito, deputado estadual, deputado federal constituinte, vice governador e governador, reeleito inclusive, em São Paulo. Perdeu, no segundo turno, uma disputa presidencial com Lula. Volta agora com toda sua experiência para tentar novamente uma disputa presidencial, num momento em que o Brasil precisa de equilíbrio para sair da crise e construir um crescimento sustentável. Alckmin tem problemas? Sim, como todos os políticos. Mas ao contrário dos que estão desfilando como pré candidatos, tem convicções firmes e propostas consistentes, construídas em sua vivência política. O centro poderá, e deverá ter outros candidatos, como Rodrigo Maia, que apresenta sua pré candidatura na convenção do DEM nessa quinta-feira. Provavelmente, um nome do MDB, que ganhará força se Temer tiver sucesso em sua cruzada contra a violência e não está descartado o nome do ministro Henrique Meirelles (foto), pelo PDS. Alckmin, consolidado no PSDB, sai agora na articulação dos partidos de centro, buscando, inicialmente, mais tempo de televisão na campanha. Pode, porém acabar saindo como candidato único do centro. Afinal, tem uma vice a oferecer. Mas pode preferir buscar no ninho “tucano” um vice. Neste caso a preferência é pelo senador mineiro Antônio Anastasia que se recusa a aceitar a disputa pelo governo do Estado. Especulações? Por enquanto, sim. Mas…