Uma pesquisa realizada em Belo Horizonte entre novembro de 2011 e março de 2013 constatou que cerca de 45% dos partos realizados na cidade ocorreram por cesárea, percentual muito superior aos 15% recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Grandes diferenças no tipo de parto foram observadas na comparação entre os setores público e privado. Enquanto nas maternidades públicas 70% dos partos realizados foram normais, nas privadas 75% ocorreram por cesariana. O mais preocupante é que para quase metade das mulheres pesquisadas, essa escolha não foi feita no pré-natal. O estudo “Nascer em Belo Horizonte: inquérito sobre parto e nascimento”, coordenado pelas professoras da Escola de Enfermagem da UFMG, Edna Maria Rezende, Eunice Francisca Martins e Kleyde Ventura de Souza avaliou 1088 mulheres puérperas e seus recém-nascidos em 11 maternidades da Capital. Seguiu a mesma metodologia utilizada na pesquisa nacional “Nascer no Brasil: inquérito sobre parto e nascimento”, realizada pela FIOCRUZ, que avaliou cerca de 24.000 puérperas em todo o país. Belo Horizonte, segundo as pesquisadoras, foi a única capital brasileira que conseguiu expandir o projeto para todas as maternidades, além daquelas incluídas na amostra nacional. De acordo com Edna Rezende, o estudo teve como objetivo analisar as condições de parto e nascimento em maternidades públicas e privadas de Belo Horizonte e conhecer os determinantes, a magnitude e os efeitos adversos decorrentes da cesariana desnecessária. “Também procuramos descrever as complicações imediatas, por tipo de parto, para as puérperas e para os recém-nascidos”, disse.