Blog do PCO

Brasil erra até na hora de vacinar

Paulo César de Oliveira
COMPARTILHE

O horror das quatrocentas mil mortes está logo ali. Até o final da semana, que fecha o mês de abril, vamos chegar a este número assustador, e o pior, sem qualquer sinal de que haverá reduções das mortes e das contaminações que já ultrapassaram os 14 milhões. Isto de casos comprovados que, sabemos todos, não representam a realidade. São números que retratam bem nossa incapacidade de lidar com uma doença sobre a qual o mundo tem pouco conhecimento. Sabemos quase nada sobre um vírus que se mostra a cada dia mais agressivo. Tudo o que sabemos sobre como enfrentar a pandemia é com base em experiências anteriores. Cuidados preventivos, como uso de máscaras, distanciamento social, se necessário com lockdown, e vacina são os únicos caminhos que, comprovadamente, podem tirar os países desta crise que atingiu o mundo, já há mais de um ano. Países que tiveram a coragem de impor duras medidas restritivas antes do surgimento da vacina e foram capazes de implementar um programa organizado de imunização a partir do início da oferta de vacinas, não enfrentaram o caos. Bem ao contrário, encaminharam a superação da crise e hoje suas populações têm uma vida normal, claro, dentro do padrão do que se convencionou chamar de “novo normal” pelo menos enquanto a crise não for superada em todo o mundo. No Brasil, infelizmente estamos distantes da normalidade. Não fomos capazes de unificar um programa de ação. Não tivemos líderes comprometidos com o enfrentamento efetivo do problema e nos mostramos incapazes até mesmo de manter o nível de qualidade do que tínhamos em nível de excelência: estrutura de vacinação. Chegamos a ser referência mundial em programas de imunização. Agora assistimos à derrocada de uma estrutura fundamental para derrotar a pandemia. Foram capazes de acabar com uma estrutura que levamos anos para construir e que hoje, pelos seus erros grosseiros, como troca de tipo de vacina, se mostra não confiável. Para complicar ainda mais o quadro, temos a incerteza quanto a oferta de vacinas. O governo, desestruturado e ineficiente, não tem conseguido assegurar a compra de vacinas suficientes para atender a população, causando incertezas quanto o restabelecimento de algum nível de normalidade nas atividades do país. De nada adiantam bravatas, reclamações, ameaças contra os que, em defesa da população, impõe regras de funcionamento nas cidades e nas atividades econômicas e sociais. Enquanto não conseguirmos imunizar uma maior parcela da população teremos que adotar um tipo de tratamento precoce que, ao contrário de outros recomendados, tem eficácia comprovada: as restrições. No limite, o lockdown.

COMPARTILHE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

News do PCO

Preencha seus dados e receba nossa news diariamente pelo seu e-mail.