Com a beligerante manifestação bem ao seu estilo, Bolsonaro impulsionou a discussão de um tema sensível nas redes sociais, que entraram em efervescência com os opostos se digladiando uma vez mais. De um lado, os que defendem a quarentena tal como imposta pelas autoridades estaduais e municipais. De outro, os que consideram que ela deve ser aliviada pelo bem da economia, segmentando o seu rigor apenas nos grupos de maior risco. Ademais, Trump ao dizer, com todas as letras que o vírus é chinês, não levou em conta a patrulha do politicamente correto. São dois presidentes na contramão da prudência. O mantra “fique em casa” que, antes, não era permitido questionar, começa agora ser adaptado e dirigido, apenas, aos idosos. O fato é que a desinformação obstrui questionamentos e contribui para a irracionalidade até mesmo dos mais bem-intencionados. O conceituado Wall Street Journal do dia 19 passado, propõe, em editorial, repensar o colapso que pode advir da paralização da economia por conta do combate ao coronavírus na forma atual. Não existe em parte nenhuma do mundo, dinheiro suficiente para compensar as perdas dessa tragédia. Embora seja papel do Estado salvar vidas, não é possível a ele salvar todas elas: aquelas a serem ceifadas pelo coronavírus e aquelas a serem ceifadas pela quebradeira em massa. Triste dilema. Mais angustiante do que a Escolha de Sofia, quando uma mãe polaca, filha de pai antissemita, presa num campo de concentração durante a Segunda Guerra, é forçada por um soldado nazista a fazer uma difícil e dolorosa escolha que lhe afetaria pelo resto de sua vida, ao optar entre duas alternativas igualmente insuportáveis. O futuro definirá a corrente que se mostraria mais prudencial, quando o tempo se mostrar, novamente, como o senhor da razão.
Burrice ou jogo ensaiado?
