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Carnaval de BH, um exemplo para a turma da economia

Paulo César de Oliveira
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Que me perdoem os “doutores economistas” se o exemplo é muito singelo para um assunto tão complexo. Mesmo assim vou adiante e afirmo,com a convicção de um leigo – vá lá- que o Carnaval de Belo Horizonte é um ótimo exemplo de como a presença do Estado em atividades que devem ser geridas pela sociedade, pode atrapalhar a festa. Em BH, lá pelos anos 50, a festa de momo era animada, educada, comportada, festa família como gostam de dizer alguns ,que foi se esvaziando diante da grandiosidade dos desfiles das escola de samba do Rio de Janeiro e a animação das festas de rua em Salvador e Recife, principalmente. Lá no final da década de 1970 o prefeito Maurício Campos que, registre-se, fez uma bela administração na cidade, resolveu intervir no Carnaval. Estimulou o quanto pode o “CarnaBelô” e a criação de luxuosos desfiles de escolas de samba, tradicionais e novas que ajudou a criar. Durante algum tempo o esquema funcionou, impulsionado pelo dinheiro público. Mas esta não era a vocação da cidade. As escolas foram minguando e comelas os tradicionais blocos caricatos, uma tradição da cidade. Desarticulado e sem as grossas verbas oficiais, o Carnaval de Belo Horizonte acabou. Era quase uma antecipação da Semana Santa. Dizia-se até que, no Carnaval, Belo Horizonte era o melhor lugar para quem queria descansar e fugir da agitação. Era, não se pode negar, uma quase verdade. Foi de forma silenciosa que o Carnaval foi ressurgindo aos poucos, pela ação de abnegados festeiros e visão empresarial de alguns que enxergaram na festa uma alternativa de faturamento para o setor turístico, que se estruturara para atender sonhos megalômanos dos que juraram ser possível transformar BH na capital do turismo de negócio. Isto sem falar do fracasso dos investimentos pensados para atender à enxurrada de turistas com a Copa do Mundo. Enfim, tudo gerado nas entranhas de um Poder Público incompetente e, em algumas situações, deixando a impressão de mal intencionado. Mas em algum momento a competência e o voluntarismo da iniciativa privadas acabaram se encontrando. O Poder Público se limitou a cumprir a sua função, garantindo a infraestrutura e a segurança e o povo entrou com a alegria e organização. Em pouco tempo, sem as amarras e influência política, o Carnaval de Belo Horizonte se transformou num dos maiores do país, atraindo turistas nacionais e estrangeiros. Bombou, como dizem agora. Bombou tanto que já se assanharam os de sempre buscando aparecer, buscando demonstrar autoridade com exigências que, embora perfeitamente, justificáveis, deveriam ter sido apresentadas com antecedência, evitando expor as intestinas de um Estado desorganizado e cheio de improvisos. É este Estado que queremos tirar das costas dos brasileiros. Enquanto ele existir da forma que existe no Brasil, não vamos conseguir avançar. O Estado deve servir para proteger o homem do homem e para prover necessidades básicas da população como saúde, educação e segurança. Assegurar a aplicação da Justiça e a ofertada infraestrutura para que a sociedade promova o desenvolvimento. Livre, porém vigiada, a população sabe buscar seus caminhos e promover a festa do crescimento. O Carnaval de BH é um exemplo.

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