Passado um mês da tragédia de Mariana, segundo dizem o maior desastre ambiental da história do país, já é tempo de agirmos com a prudência que a gravidade do fato exige. Desde os primeiros momentos do desastre ficou evidenciado que não estamos, todos nós, preparados para enfrentar situações deste nível. Para usar expressão popular bem comum no interior mineiro, “ficamos como baratas fugindo de chineladas, sem saber para onde correr”. A expressão pode não ser das mais agradáveis mas retrata bem o que ainda está acontecendo. Há uma total dissintonia entre os atores envolvidos. Alguns por inexperiência, outros por desinformação, alguns por puro açodamento ou por vaidade e até mesmo por má intenção. Muitos tiveram seus minutos de fama sem qualquer proveito para a solução dos gravíssimos problemas. Ao contrário, em alguns momentos, com prejuízos evidentes. Em situações tais, alguém precisa ter a cabeça fria, o discernimento, para liderar a condução dos trabalhos. Saber separar o que é emergencial e o que precisa de tempo para se resolver. Observem o descalabro de algumas ações anunciadas como definitivas. Antes de uma avaliação mais pormenorizada do problema, anuncia-se a formação de fundos para a recuperação em valores astronômicos. Os valores anunciados, mesmo que astronômicos, são suficientes? Podem ser ou não. Afinal, ninguém sabe ainda o que é preciso que se faça. Queremos recuperar os estragos causados pelo rompimento ou pretendemos recompor a natureza no nível em que ela estava quando Cabral aportou nestas terras? Por qualquer “dá cá minha palha” se fala em multas, em punições, em interdições, em tudo o mais. Pode ser mesmo que tudo seja necessário mas, para nós que estamos do lado de cá, mais parece açodamento. Na pressa de mostrar autoridade, serviço, corremos o risco de provocar decepções, anunciando aquilo que não será cumprido, até por descabido. Não se trata de proteger ninguém, em tentar absolver quem, a princípio, é mesmo culpado. O que se pede é um pouco mais de cuidado, de profissionalismo nas ações. De todos. Muitas vidas foram perdidas. Ainda há desaparecidos. A natureza já saiu perdendo e muito mais pode ser perdido. Calma e firmeza nas decisões. Dom Hélder Câmara gostava de dizer: “quanto mais sério e grave o problema, mais baixo meu pai falava”. A hora não é de gritar. É de falar baixo, mas com firmeza, sem pirotecnia.