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Difícil saber o que nos espera

Paulo César de Oliveira
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Bom, o dia é de Belo Horizonte. A capital dos mineiros e de todos os que por aqui passam ou se fixam, chega aos 119 anos com os mesmos problemas das cidades maiores e o mesmo charme das cidades interioranas. Interioranas aí entendido como as que estão fora do litoral. Mas se há o que ser comemorado em Belo Horizonte, o mesmo não se pode dizer do que se vê no horizonte próximo e distante do país. Na verdade, para usar uma expressão bem mineira, além da queda, o coice. Esta é a situação que vivemos. A queda com o desarranjo da economia, o coice com a podridão da política que vai aparecendo dia após dia, em pequenas doses, como se querendo impedir que o brasileiro caia no sono dos conformados e reaja. O pior, creiam, é que o efeito tem sido contrário. De tanto vermos a esperteza repugnante dos que chegam ao Poder apenas para dele se aproveitar, quase achamos isto normal. Já estamos acreditando que “político é assim mesmo” e, por isso, não nos indignamos, muito embora continuemos imaginando que o presidente da República, este sim, tudo pode e é, por isto, o culpado de tudo. A pesquisa DataFolha divulgada ontem, mostra isto com clareza. Caiu vertiginosamente a aprovação de Temer, que nunca foi tão alta, apontado pelo povo como incapaz de resolver os problemas. Tudo bem, Temer tem se mostrado um político fraco, sem liderança, acuado, mas daí a ser culpado por tudo de ruim que o país está vivendo vai uma enorme diferença. Ninguém consegue comandar um país que tem o Legislativo e mesmo o Judiciário que tem. Temer tem contra si ainda, a necessidade de adotar medidas impopulares como o corte de gastos e a anunciada reforma da Previdência. E para complicar ainda mais, as denúncias de estar metido em corrupção envolvendo empreiteiras e campanhas eleitorais, isto sem contar a ferrenha oposição de um grupo que usou e se lambuzou no Poder e que fica a provocar fatos políticos. Com a queda da popularidade do presidente, volta o discurso da realização imediata de eleições diretas. Mas só para presidente? E a propósito: eleger quem? O melhor mesmo é enfrentar um problema de cada vez. E nesta semana teremos que decidir se estabeleceremos ou não um teto para gastos do governo. O controle, segundo os economistas, é o primeiro passo para a retomada do crescimento. Isto se a corrupção deixar.

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