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Do mínimo ao máximo o país não fiscaliza, não investiga nem pune

Paulo César de Oliveira
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O Carnaval serviu para confirmar o que todos já sabiam: nosso sistema de segurança, pelos números dos crimes em todo o país, não funciona. No máximo temos uma atividade repressiva, com policiamento ostensivo, em ações que são mais de marketing do que efetivas. Com muito boa vontade, pode-se louvar também os resultados das denúncias anônimas, através dos telefones policiais destinados a elas. Mas é só. O impressionante número de furtos e roubos de celulares nas festas de Carnaval, e fora delas, inclusive com o emprego de extrema violência, demonstra que o uso da badalada, especialmente pelos acadêmicos que se aboletaram nos cargos de comando da segurança, inteligência policial, não passa de discurso fácil. Chegamos ao absurdo de ouvirmos conselhos de policiais, para que os foliões não levassem para os blocos seus aparelhos celulares, evitando assim a ação de ladrões. Vamos admitir que no tumulto das festas era difícil, quase impossível, detectar e prender os marginais. Mas e depois? Aonde foram parar tantos aparelhos roubados? Falam em mais de cem por dia, só em BH. Não se ouve falar em prisão de receptadores que são os que estimulam a violência dos ladrões. Não se ouve falar também na repressão aos que compram tais aparelhos para uso próprio, mesmo diante de evidências de que são fruto de roubos. A realidade é que, no país, ladrões precisam ser muito incompetentes, verdadeiros “lambões” ou extremamente azarados para serem presos. Já os que vivem de receptações, de desmanches e outros tipos de crime contam com o benefício de um Estado que nada faz por não ter competência para fazer. Isto sem falar, claro, na incompetência do Judiciário e na frouxidão das leis.

São estas também as causas dos roubos maiores no país, da corrupção desenfreada e das negociatas políticas. Não há quem fiscalize, não há quem puna. Dirão alguns que há figurões presos. Presos sim, mas não condenados. Mas não são condenações que se quer. Ao cidadão interessa é que a vida política do país seja transparente, feita por gente séria e que haja fiscalização. Esta, aliás, é a principal tarefa do Legislativo que a desconhece solenemente, como se senadores, deputados e vereadores não tivessem a obrigação legal de fiscalizar. Temos ainda os Tribunais de Contas, das Controladorias e outros órgãos de fiscalização. Melhor se não existissem. O país poderia, pelo menos, economizar um pouco dos recursos de que não dispõe.

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